sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Os casamentos de Vinícius

Ninguém viveu, escreveu e cantou o amor tanto como Vinícius de Moraes. O poeta casou nove vezes, publicou centenas de poemas e gravou inúmeras canções sempre com o coração na comissão de frente da bateria. Se atuasse como acadêmico, o boêmio poderia criar até linha de pesquisa para analisar o objeto de estudo mais complexo da humanidade.

Como toda unanimidade é burra, inclusive essa afirmação, tenho a ousadia de discordar do mestre em uma canção, "Tempo de Amor".

Lado A: música. A faixa 7 do disco "Os afro-sambas" é uma porrada! Violão de Baden Powell, percussão de candomblé e vocais do Quarteto Cy em minutos de transe. Ou seja, tudo que um samba de responsa tem direito.

Lado B: letra. A construção do poema é perfeita. Porém, a mensagem que a canção passa é de uma tristeza absurda. O tempo de amor não pode ser tempo de dor. O tempo de amor precisa ser de prazer, alegria, entrega, respeito e paz.
Vejam os versos abaixo e tirem suas conclusões.

"Ah, bem melhor seria
Poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar

Mas tem que sofrer
Mas tem que chorar
Mas tem que querer
Pra poder amar

Ah, mundo enganador
Paz não quer mais dizer amor
Ah, não existe coisa mais triste que ter paz
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais

O tempo de amor
É tempo de dor
O tempo de paz
Não faz nem desfaz

Ah, que não seja meu
O mundo onde o amor morreu"

Agora eu sei porque ele se casou nove vezes.

3 comentários:

::Soda Cáustica:: disse...

Galindo, querido.
Imaginei seu blog assim: vc escrevendo sobre três coisas que sei que sabe discutir como um passeio de fim de tarde: seu Bahia, música brasileira e política (tirando um pouco da sua paixão petista, claro). Bjos e já está nos meus favoritos e acessados.

Samira Andari disse...

Elber, achei ótima a iniciativa de criar um blog. Pessoas como vc sempre têm o que acrescentar.
Passarei sempre por aqui tá?
bjs

Anônimo disse...

por sinal saiu uma matéria na revista dominical do a terde sobre o livro que aquela camarada que foi casada com ele (que eu esqueci o nome) escreveu.
velho, tava lembrando esses dias que deixei em sua casa um certo vinil que me pertencia (olha o verbo no passado!) e que vc ficou de passar pra cd pra mim... tem é tempo isso hein?! hahahahaha
se tu num lembra mais era o do natal dos retrofoguetes. se pã, coqué coisa, ainda tô aceitando a reprodução dele.
:)
êa!
beijus