sábado, 17 de abril de 2010

Andar com fé - Parte II

Yuka e Gil na mesma vibe!

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terça-feira, 13 de abril de 2010

Andar com fé

Cresci ouvindo minha mãe me dizer que um dia deveria ir ao interior de São Paulo pagar uma promessa. Como eu poderia responder por algo que nem sabia o significado? Então veio a explicação. A minha querida vó Santinha, apelido mais apropiado para o post é impossível, havia prometido à Nossa Senhora Aparecida que eu iria visitar a famosa catedral caso eu fosse curado de uma ziquizira que tive quando era guri. Cura feita, faltava apenas cumprir o prometido.

Os anos se passaram e este assunto nunca foi prioridade para mim até porque não lembrava do que havia sido curado nem tinha apreço por religiosidade. Não fiz primeira comunhão, nunca tive o hábito de ir à missa e não sabia rezar. Lembro que quando passava as férias em Minas Gerais na infância, todos os meus primos sabiam o Pai Nosso e outras orações enquanto eu não passava do "Pai Nosso que estás no céu" que lembrava das aulas de religião no saudoso IECB em Brotas. Mas não sentia culpa por isso.

Tornei-me um adolescente rockeiro e virei um universitário boêmio. Neste caminho, uma espécie de vazio interno crescia e eu percebia que algo faltava. Ao mesmo tempo, o corpo sentia dores nas articulações que indicavam uma precoce LER, uma hepatite surrou, mas não nocauteou o valente fígado, um problema sem explicação nos olhos e a inquietude e ansiedade juvenis eram superlativas. Com um cenário desses, a história sagrada esquecida voltava com toda força. Até meu pai, incrédulo nato, recomendou que fizesse logo a viagem para Aparecida e espantasse a bruxa de vez.

De malas prontas, sigo para a minha primeira de muitas idas à terra da garoa. Após um ano longo de aulas na faculdade, curso de inglês, projetos e estágios, passar dez dias em São Paulo não era nada mal para um jovem solteiro de 20 anos.

Aterriso em Guarulhos, vou direto para a casa de um tio e durmo poucas horas. Surpreendo-me com o horário em que sou acordado para cumprir o acordado com a padroeira do Brasil: 05 horas da matina! Mal o galo tinha dado a voz e eu já estava de pé. Pensei: "esses paulistas são pilhados mesmo". No carona, sigo pela Via Dutra e, obsevando a movimentada rodovia, a ficha começa a cair e, como num filme previsível, recordo-me de todas as coisas boas que já tinha vivido e possuía.

Chegando no município de Aparecida, percebo que tudo na cidade funciona em função da igreja. O gol branco segue pelas ruas estreitas e de longe já vejo o topo da imponente construção. Já no estacionamento, o queixo cai diante de tamanha imensidão e das dezenas - isso mesmo! - de ônibus com placas de todas as regiões do Brasil. Circulo pelos ambientes, vejo devotos em êxtase, amarro uma fita no corpo como um bom baiano na Colina Sagrada e encontro um local para fazer, talvez, a minha primeira oração. A emoção, antes contida, transborda e os olhos não escondem a sinceridade do momento.





Passados oito anos de muitas consquistas e alegrias, retorno à Aparecida sozinho apenas para agradecer e nada mais. Acendo uma vela e rezo por aqueles que quero bem, gosto e amo. "Andar com fé eu vou que a fé não costuma faiá". É com ela que sigo e