terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ansiedade

Sou ansioso desde pequeno. Aliás, continuo pequeno. Melhor, desde guri. Mas, alguns insistem que continuo uma criança e outros dizem que pareço um velho. Enfim, não importa a idade. A ansiedade me acompanha sempre.

Tenho andado muito ansioso nos últimos dias. A mão sua bastante, as pernas sapateiam igual ao eleitor que votou errado, o coração acelerou como a música do Calypso e a gagueira está pior do que a correspondente de Mário Kertész em Ilhéus.

A razão disso tudo é a volta para Salvador em outubro de duas referências nacionais em suas áreas, uma na música e outra no futebol. Jorge Ben e Esporte Clube Bahia. 11 e 18/10. Cidade Baixa e Paralela. Show e espetáculo. Escola de samba e trio elétrico.

O samba e o futebol voltam a alegrar a Soterópolis em grande estilo. A Banda do Zé Pretinho e a Nação Tricolor vão chegar para animar a festa. Haja coração, amigo.

Falador passa mal

"Eu vou torcer pela paz,
Pela alegria, pelo amor
Pelas moças bonitas,
Eu vou torcer, eu vou"

É por isso que Jorge fala pouco, mas fala bonito.

domingo, 28 de setembro de 2008

Crise de identidade

Apelido é igual a um amigo fumante. Incomoda, mas a pessoa acaba se acostumando com ele.

Ao longo dos anos, acumulei diversos sinônimos para Eder Galindo dos Santos. O primeiro foi o mais marcante e me deixava virado na porra durante toda a minha infância.

No auge dos meus cinco anos, como sou o neto mais velho do clã mineiro, fui recrutado para uma difícil batalha: ser guarda de honra do casamento do meu tio Chiquinho que, por sinal, tem o melhor apelido de todos os tempos. O nome dele é Antônio de Pádua e não Francisco!

Durante um mês, fui à casa da minha avó Lilita, que era costureira, para ajeitar o meu traje de gala. No dia do casamento, estava “todinho de branco, lindo”. Gravata borboleta, bainha feita, paletó, calça e sapatos brancos. Quase um malandro. Algo já apontava a minha veia boêmia.

Naquela época, quem tem mais de 25 anos se lembra bem, um seriado fazia muito sucesso, “A Ilha da Fantasia”. Um dos personagens principais usava um passeio completo branco.

Voltando ao matrimônio, no momento de entrar na igreja com as alianças, um tio sacana gritou: “lá vem Tatu” e toda a galinhada começou a rir. Dei pra ruim, calundu, piti, esperniei, chorei e não entrei na igreja. A partir daí, Tatu foi incorporado ao meu nome.

Convivi com essa alcunha até 1994, mas alguns me chamam assim até hoje. O que aconteceu neste ano de tão importante? A morte de Senna, o tetracampeonato da Seleção Brasileira ou a valorização do Real? Explico.

Tenho nome de jogador, meus tios me deram esse nome por causa do craque atleticano Eder Aleixo, mas como diz O Rappa: “no país do futebol, eu nunca joguei bem”.

Todo guri que se preze já brincou com seus amigos de baba porrada ou baba lixa. A regra é clara: o objetivo é acertar o seu amigo com uma bolada na cara, de preferência, e praticar Street Fighter quando o coleguinha estiver com o domínio da bola. Essa modalidade do futebol foi o precursor do vale tudo.

Após muitos treinos com bolas e luvas, o baba porrada era a minha especialidade já que nunca consegui ser um camisa 10. Devido ao meu excelente desempenho neste esporte olímpico, recebi o singelo apelido de Cavalo. Assim como a fase de Tatu, fiquei puto com esta homenagem. Era adolescente, tímido e morria de vergonha.

Com o tempo, fui aceitando este nome carinhoso. Antes restrito aos amigos do condomínio, o apelido se expandiu para a família, amigos do colégio e colegas de trabalho. A identificação foi tanta que meu pai nem lembra mais o que ele registrou no cartório há 27 anos.

Até hoje, Tatu e Cavalo são as minhas principais identidades secretas, mas surgiram outros nicks como caranguejo devido aos meus braços de radiola e cabeça por causa de algum cearense que passou pela árvore genealógica da minha família.

Como é mesmo o meu nome?

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Top 5

De 25/01/1981 até hoje, li vinte livros no máximo. A média não chega a um livro por ano e está pior do que o número de campeonatos conquistados pelo Bahia recentemente. Virando esta página, tenho evoluído e cheguei ao posfácio de seis títulos nos últimos dois anos.

Desta pequena lista, um é especial para mim, Alta Fidelidade. Aliás, essa foi a única obra que consumi em dois formatos diferentes e complementares, o papel e a película. Não julgarei aqui qual é o melhor.


O personagem principal deste clássico de Nick Hornby é um cara parecido comigo: não vive sem música, coleciona discos e tem manias esquisitas. A mais freak de todas é a de fazer listas com rankings no estilo Top 5 para coisas absurdas. Exemplos: os cinco empregos dos sonhos, os cinco piores foras de mulheres ou as cinco melhores faixas 1 de discos.

Pensando nisso, sempre me iludi que um dia seria entrevistado por algum veículo de comunicação para responder quais seriam os meus álbuns favoritos de mpb, rock, samba ou qualquer outro estilo que curto. Já que a minha banda de rock não vingou e as revistas Rolling Stone e Trip não irão perguntar isso para um publicitário baiano, resolvi criar o meu próprio Top 5. Os primeiros capítulos desta série abordam os melhores discos de bandas de rock brasileiras nos anos, 70, 80 e 90. Vocês podem ter direito à réplica. Vamos à polemica!

70

1 – Os Mutantes: Jardim Elétrico – 1971.
2 – Os Mutantes: A divina comédia ou ando meio desligado – 1970.
3 – Rita Lee & Tutti Frutti: Fruto Proibido – 1975.
4 – Secos e Molhados: Secos e Molhados – 1973.
5 – Raul Seixas: Novo Aeon – 1975.

80

1 – Ultraje a Rigor: Nós vamos invadir a sua praia – 1989.
2 – Titãs: Cabeça Dinossauro – 1987.
3 – Os Paralamas do Sucesso: O passo do Lui – 1984.
4 – Legião Urbana: Que país é este – 1987.
5 – Ratos de Porão: Brasil – 1989.

Obs. importante: 1988: Esporte Clube Bahia Bi- Campeão Brasileiro.

90

1 – Chico Science e Nação Zumbi: Afrociberdelia – 1997.
2 – Sepultura: Roots – 1996.
3 – Chico Science e Nação Zumbi: Da lama ao caos – 1993.
4 – Mundo Livre S/A: Guentando a oia – 1996.
5 – Raimundos: Lavo tá novo – 1995.

Obs. importante: 1993: vitorinha vice-campeão Brasileiro.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Os casamentos de Vinícius

Ninguém viveu, escreveu e cantou o amor tanto como Vinícius de Moraes. O poeta casou nove vezes, publicou centenas de poemas e gravou inúmeras canções sempre com o coração na comissão de frente da bateria. Se atuasse como acadêmico, o boêmio poderia criar até linha de pesquisa para analisar o objeto de estudo mais complexo da humanidade.

Como toda unanimidade é burra, inclusive essa afirmação, tenho a ousadia de discordar do mestre em uma canção, "Tempo de Amor".

Lado A: música. A faixa 7 do disco "Os afro-sambas" é uma porrada! Violão de Baden Powell, percussão de candomblé e vocais do Quarteto Cy em minutos de transe. Ou seja, tudo que um samba de responsa tem direito.

Lado B: letra. A construção do poema é perfeita. Porém, a mensagem que a canção passa é de uma tristeza absurda. O tempo de amor não pode ser tempo de dor. O tempo de amor precisa ser de prazer, alegria, entrega, respeito e paz.
Vejam os versos abaixo e tirem suas conclusões.

"Ah, bem melhor seria
Poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar

Mas tem que sofrer
Mas tem que chorar
Mas tem que querer
Pra poder amar

Ah, mundo enganador
Paz não quer mais dizer amor
Ah, não existe coisa mais triste que ter paz
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais

O tempo de amor
É tempo de dor
O tempo de paz
Não faz nem desfaz

Ah, que não seja meu
O mundo onde o amor morreu"

Agora eu sei porque ele se casou nove vezes.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

05/10/08

1º Turno

Política é um tema que adoro conversar. Ainda mais se for em um bar com cerveja gelada. Isso vem de berço. Está no sangue da família: a articulação e a cevada.
Esse papo de que não se discute política é coisa de pessoas que não conseguem trocar idéias e opiniões.

2º Turno

Quando chega o período eleitoral fico ainda mais instigado em acompanhar as entrevistas, debates e programas. Por isso, costumo ser questionado pelas pessoas que "odeiam política" qual é o tesão de ler, ouvir e assistir notícias sobre esse assunto. O motivo é um só: a minha própria vida.
Quem se isenta de opinar e votar, tem o direito de permanecer calado e sem reclamar nos próximos quatro anos. Esse tipo de comportamento me lembra os jornalistas marionetes que existem em todos os veículos de comunicação. Não produzem nada e criticam tudo e todos, pois são definidos pela sociedade como os formadores de opinião e donos da verdade.

Apuração

Direto como um santinho deve ser, fiz esse texto para saber se no dia 05/10/08 você vai de 13, 15, 25, 45 ou 50. Eu já fiz a minha escolha e você?

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Esporte Clube Bahia = Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar

Esse texto já foi publicado no maravilhoso blog, http://www.baheaminhaporra.com/, mas vou postar aqui para encher linguiça e aqueles que não são tricolores terem a oportunidade de ler.

O Esporte Clube Bahia sempre foi precursor em sua trajetória assim como os mestres Dodô e Osmar. O Tricolor de Aço foi o primeiro Campeão Brasileiro em 1959 ao ganhar dos Beatles de Pelé e McCartney. Já Dodô e Osmar criaram duas jogadas de craque, a guitarra baiana e o trio elétrico.

Outra troca de passes perfeitos entre o Baêa e a dupla de instrumentistas se dá no verso “quem é que carrega as multidões?” da música “Campeão dos Campeões”. O Super-Homem já está acostumado a bater recordes nas vendas de ingressos em todos os campeonatos que disputa igualmente ao Trio Elétrico que arrasta milhares de foliões no carnaval.

Os amantes do futebol e da música têm outro ponto em comum. Os olhos dos torcedores fanáticos brilham ao citar a escalação completa das grandes equipes formadas pelos seus times do coração da mesma forma quando ouvem uma canção marcante. Os fãs ficam em êxtase ao comentar os álbuns clássicos das suas bandas favoritas como se estivessem nas arquibancadas dos estádios vibrando com um gol.

Sendo assim, lanço uma tabelinha entre o time Campeão Brasileiro de 1988 e o disco “Ligação”. Ambos foram liderados pelos maestros Macedo: Evaristo e Osmar. O professor e o pai organizaram os talentos de suas equipes e entraram pra história.Na cozinha do Esquadrão de Aço, Paulo Rodrigues e Zé Carlos eram os chefs enquanto que Betinho e Aroldo conduziram o meio de campo deste LP lançado em 1978.

Por último, não poderia deixar de comentar os band leaders dos grupos: Bobô e Armandinho. O craque da camisa 8 foi o destaque do time com seus dribles e gols decisivos, rápidos e lindos como os solos de Armandinho. O guitar hero tricolor compõe, canta, toca e sola como ninguém. Vale a pena samplear um repórter da TVE no carnaval 2007: “Armandinho é o melhor jogador do mundo em sua posição”.

Para encerrar esta partida, nada melhor do que sentir a emoção de ouvir o Hino do Bahia tocado e cantado pela guitarra de Armandinho no meio da avenida e lembrar da Fonte Nova lotada.

MPB - Música Popular Baiana

Para mim, a sigla MPB é definida como música popular baiana. É óbvio que as demais regiões do país contribuíram muito para a letra B ser de Brasileira. Exemplos não faltam: o frevo, o forró, as escolas de samba cariocas e paulistanas, o Clube da Esquina, o Manguebeat e o som do sul.
Porém, é claro que a Bahia merece a camisa 10 na escalação da música brasileira. Vejam o porquê.

Há muito tempo: o samba nasce na Bahia.

Anos 30: Dorival Caymmi canta a Bahia para o mundo.

1958: um rapaz de Juazeiro cria a Bossa Nova.

1969: uns doidões de Irará, Santo Amaro e Salvador inventam uma bagunça chamada Tropicália.

1969 - fim dos anos 80: aparecem Os Novos Baianos, Trio Elétrico Armandinho Dodô e Osmar, Raul Seixas, Camisa de Vênus, Luiz Caldas, Carlinhos Brown e Olodum.

1987 em diante: apesar de nada inovador ter surgido a partir desse momento, continuo um entusiasta da música baiana contemporânea. Não me refiro às bandas que são rotuladas com este perfil como Jammil e Asa de Águia. Falo de Cascadura, Diamba, Retrofoguetes, Dão, Lampirônicos, Adão Negro, Ronei Jorge, Timbalada, Peu Murray, Mariene de Castro entre tantos outros.

Sonho que em 2009, 2010, 20011, 2012 e por aí vai fiquem marcados como épocas em que bandas da Bahia façam história novamente e mudem a cara da música popular brasileira, ou melhor, baiana.

Será que sou bairrista ou o meu raciocínio faz sentido?

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Volume 1

"O cérebro cletrônico faz tudo
Faz quase tudo
Mas ele é mudo"

Música, futebol, política, conversa fiada e temas afins para que vocês possam elogiar, xingar, chorar, esculhambar e até comentar.