sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A volta da caneta


Ainda estou no terceiro dia de viagem, mas somente estas horas já despertaram o desejo adormecido de voltar a escrever. A vontade é instigada ainda mais após ouvir em uma das casas do amigo de Caribé, Jorge Amado e Vinícius de Moraes que o ofício diário da escrita é o grande segredo em vez da inspiração. E o que não falta na terra do também diplomata, poeta e boêmio é fonte para o exercício da palavra. 

Como não ter ideias ao sentir momentos de paz tão raros hoje em dia ao lado da Imaculada? Impossível não pensar em um novo documento no Word, que não seja de trabalho, depois de contemplar a Cordilheira, os vales e a cidade do alto. É imperativo contar para os amigos a organização e limpeza das calles apesar dos inúmeros cães de rua e pombos. Letras se juntam e buscam formar algo que consiga descrever a beleza das chicas, muito brancas de cabelos longos cacheados, mas também morenas bronzeadas pelo sol forte do verão. A prosa surge facilmente ao descobrir que, mesmo com a forte cultura do vinho, há cervejas artesanais e comerciais deliciosas. A degustação dos diversos rótulos ativa o lado quente do cérebro e a felicidade se completa.

Já que estamos em um blog, o texto cumpre sua função de tirar o autor do sedentarismo da escrita porque se as ladeiras de Valparaíso, a praia quente e gelada de Viña del Mar e, principalmente, a culinária de Santiago de entrarem na pauta, o post vira romance.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O telefone tocou novamente

O telefone toca. Ao contrário do que o mestre do samba-rock canta em um de seus clássicos, era o meu amor. Mas não aquele que conhecemos com vinte e poucos anos, ficamos apaixonados e construímos uma relação juntos. O amor do outro lado da linha é antigo e faz o coração bater desde a infância. Não pensem que revivo alguma história com uma coleguinha da escola como tem sido mostrado em "Avenida Brasil" de modo tão delicado e bonito por Rita e Batata. Falo do amor em estado bruto, animal, de pele e sangue para a vida toda. Era ela quem ligava para proporcionar mais um momento alegre à cria.

Dizia ela: "meu filho, você tem um disco de Jorge Ben que tem ele com um cachorro na capa?". E mesmo com quase 30 anos, a eterna criança para ela, responde com a mesma ansiedade de quando esperava os famosos pacotes de figurinhas: "não, mãe. Pode trazer.". Mimo da velha em plena ressaca de uma manhã de sábado e, sendo este um vinil do ídolo, ah, não tem preço.

Ela retorna do trabalho, entrega o presente e aponta uma faixa do lado B com aquele sorriso meigo só dela. O nome da canção? "Katarina, Katarina".