sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Para viver um grande amor

"Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso.
Muita seriedade e pouco riso, para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher.
Pois ser de muitas, pôxa!, é pra quem quer, nem tem nenhum valor.
Pra viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro
E ser de sua dama por inteiro, seja lá como for.
Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada
E portar-se de fora com uma espada para viver um grande amor.

Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia

Para viver um grande amor direito, não basta apenas ser um bom sujeito.
É preciso também ter muito peito, peito de remador.
É sempre necessário ter em vista um crédito de rosas no florista, Muito mais, muito mais que na modista!
Para viver um grande amor. Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, Molhos, filés com fritas - comidinhas para depois do amor.
E o que há de melhor que ir para a cozinha e preparar com amor uma galinha
Com uma rica e gostosa farofinha para o seu grande amor?

Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto,
E até ser, se possível, um só defunto pra não morrer de dor.
É preciso um cuidado permanente não só com o corpo, mas também com a mente,
Pois qualquer "baixo" seu a amada sente e esfria um pouco o amor.
Há que ser bem cortês sem cortesia, doce e conciliador sem covardia. Saber ganhar dinheiro com poesia, não ser um ganhador.
Mas tudo isso não adianta nada se nesta selva escura e desvairada
Não se souber achar a grande amada para viver um grande amor." (Toquinho e Vinícius)


Ô tarefa difícil...

sábado, 17 de janeiro de 2009

Eu sou o Carnaval em cada esquina - Fim da trilogia

Os dois primeiros textos desta série relataram a minha relação de ódio com o Carnaval. Como num romance juvenil, onde briga-se com a colega de sala todos os dias no colégio, mas no final o amor sempre reina, comecei a paquerar o Carnaval. Com os hormônios em alvoroço, os solos da guitarra baiana começaram a tomar conta do coração antes ocupado por riffs distorcidos.

Nesta fase de conquista, fui seduzido primeiro pela beleza da festa. Linda! Refiro-me às meninas baianas, garotas de ipanema, gurias do sul e maravilhas de todo o Brasil. O lado lúdico do Rei Momo ainda não fazia a minha cabeça. Luiz Caldas tem um refrão que descreve bem o lema da época: "eu quero beijo, beijo, beijo, beijo, beijo, quero te beijar".

O objetivo era vencer sempre de goleada dos adversários. O time jogava pra frente no esquema 0-0-11 e todos queriam ser o camisa 9. As partidas eram disputadas e duravam muito mais do que noventa minutos. Se o baba fosse na praia entre a Barra e Ondina, a busca pela artilharia durava 5 horas. Agora, se o jogo fosse na quadra do Campo Grande, mermão, o cronômetro marcava até 7, 8 horas. E tome gol! O importante era ter um saldo positivo sem se importar com gol bonito ou feio. Salve, Túlio Maravilha! Aliás, não existe nenhum boleiro que só tenha feito gol de placa.

Antes do campeonato começar em fevereiro, havia a pré-temporada na qual escolhia a equipe em que iria jogar. A decisão era criteriosa. Analisava o desempenho do time no ano anterior, o preço, o mando de campo - Orla ou Avenida - e o comandante do elenco - Banda Eva, Araketu, Cheiro de Amor entre tantos outros nomes. Nestes anos, vesti diversas camisas, A Barca, Nú Outro Eva, Cerveja & Cia, Cheiro de Amor e Camaleão, e nunca desapontei a torcida em nenhuma delas.

Após paquerar e ficar várias vezes com a maior festa do mundo, resolvi assumir o namoro. Com o aumento da intimidade, passei a perceber outras qualidades da pessoa amada e aquela paixão inicial deu lugar a um relacionamento maduro. Descobri o Carnaval de verdade ao acompanhar na pipoca os trios e artistas que realmente curtia - Armandinho, Dodô e Osmar, Expresso 2222, Daniela Mercury, Carlinhos Brown e Margarete Menezes. Neste circuito independente, pulei solto sem se preocupar com cordeiros ou seguranças, vesti as roupas que quis e não precisei usar a mesma camisa que outras três mil, não paguei nada, entendi o significado das palavras energia, fé e diversidade e as via ao meu lado o tempo todo, contemplei o espetáculo da multidão ávida por alegria, ouvi e chorei com apresentações memoráveis dos músicos mais fodões do Brasil como Pepeu e Armandinho, Gil e Jorge, Daniela e Lenine, Arnaldo Antunes e Davi Moraes e Caetano com Samuel Rosa.

Por outro lado, os defeitos do companheiro numa relação a dois sempre aparecem e ficam cada vez mais evidentes. Já pensei em dar um tempo, fazer uma viagem ou até ser infiel e conhecer as festas de Recife ou Rio de Janeiro, mas acho que vou mesmo é pedir o divórcio do Carnaval de Salvador. A mesmice, falta de criatividade, incompetência, disparidade, ostentação, ganância, futilidade, intolerância, falta de respeito e preconceito de todos chegaram a níveis absurdos.

Infelizmente, depois de seis dias de êxtase, chega a quarta-feira de cinzas. Mas, prefiro terminar em alta igual aos confetes e serpentinas lançados no ar. Para isso, nada melhor do que citar uma das bandas mais importantes do Carnaval de Salvador, os Novos Baianos, e imaginar como seria o verso de Galvão "minha carne é de Carnaval, meu coração é igual" saindo da Boca de Cantor numa época em que não vivi, a Castro Alves abarrotada num encontro de trios às 05 horas da manhã.

Este texto é dedicado ao meu amigo Jow e aos Galindos, a família mais foliã do mundo.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Feliz 2009

Sutil como Rocky Balboa, sou péssimo para desejar votos de felicidade, ano novo, aniversário e momentos festivos em geral. No Natal, os meus amigos ligaram para mim, recebi vários e-mails, scraps e torpedos com mensagens muito bonitas, mas eu não soube o que responder em nenhuma delas. No máximo, repetia um "pra você também" sem graça. Já no Revéillon, suei mais do que Stallone para entrar em forma no último filme e enviar algumas palavras para os mais chegados.

Alguns dias antes, li na revista Muito uma dica de sebo, cujo endereço era próximo ao hotel em que iria passar o ano novo fora de Salvador. A sirene soou alto! Mais um round de batalha na Cidade Maravilhosa. A luta foi difícil, mas venci após mais de uma hora no ringue. Saí do recinto com duas sacolas de vinil e sem três onças na carteira.

Hoje, no caminho para casa após o trabalho, estava tão ansioso para ouvir as bolachas quanto criança esperando o Natal. Carro estacionado, quarto arrumado, roupas na estante e a primeira aquisição grita no velho CCE: "Nevermind" do Nirvana. Reeditado e zero quilômetro, o LP azul gira e as lembranças de 1993 voltam em cada faixa dos dois lados. Adoro nostalgia!

"Vamo que vamo que o som não pode parar" canta Thaíde até hoje nos bailes da vida. Esse verso é quase uma oração pra mim. Ponho o segundo disco pra tocar e lembro de quando estive na loja. Comprei o álbum no escuro pela capa, estilo da banda e pilha do vendedor. Com o nome "indecente, imoral & sem vergonha", atitude de lançar em vinil um disco de rock na era do download e desconto camarada do carioca, levei Faichecleres para Salvador.

A banda é simples, pesada e divertida como deve ser o rock. Power trio na veia! As letras falam de mulheres, farras e atitude rock. Curtindo o encarte do LP, a penúltima música do lado B chamou a minha atenção por resumir perfeitamente o que desejo para todos em 2009. Por favor, não entendam mal a letra. O que interessa nela é a mensagem de fazer o que quiser, com liberdade e sem ligar para a opinião dos outros. Apreciem: http://www.youtube.com/watch?v=SNJjzpMVrQ0

Faichecleres - O Meu Rock'n'Roll
Composição: Giovanni Caruso

"Ando pelas ruas afim de liberdade
Penso na minha vida de promiscuidade
Falo sobre drogas e uso Rock'n'Roll
Sento na esquina, faz parte do meu show
Saio com garotas completamente loucas
É assim que eu vou vivendo
Esse é o meu Rock'n'Roll
Sempre estou trocando a noite pelo dia
Vivo intensamente a vida boêmia
Bebo uma cerveja pra me tranqüilizar
Sonho com garotas a me acariciar
Sei que a vida é dura, sei que acharei a cura
E assim eu vou vivendo
Esse é o meu Rock'n'Roll
Falo com as pessoas sobre a minha insanidade
E algumas me dizem: "Isso é coisa da idade"
Dizem que sou louco por viver a vida assim
E que daqui uns tempos tudo isso vai ter fim
Gosto de ser louco e vou bebendo mais um pouco
É assim que vou vivendo
Esse é o meu Rock'n'RollRock'n'Roll..."

Feliz Rock Novo, ou melhor, Ano Novo!!!