sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O que eu quero, eu vou conseguir

"Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia

E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria"

Composição: Frejat/ Cazuza

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Campeão dos Campeões

Não vivo sem música. Apesar de ser um título batido de comunidade no Orkut, afirmo isso sem ser pego no detector de mentira. Na mesma proporção, também não respiro sem futebol. Todos os dias antes de dormir, deveria agradecer aos emissores dos primeiros ruídos sonoros e a Charles Miller por terem criado essas dádivas da humanidade. Muito da minha personalidade está ligada ao som e a boleragem. Por tudo isso, defendo que Lamartine Babo e seus súditos tenham lugar garantido na categoria dos mestres por juntarem no mesmo gramado a melodia e o esporte mais popular do mundo.

Já que o papo é hino de futebol, sou um felizardo porque o Tricolor de Aço tem um dos mais bonitos do Brasil, fato reconhecido até mesmo pelos rivais. Composto por Adroaldo Ribeiro Costa e Agenor Gomes e executado pela banda do Corpo de Bombeiros, este clássico já foi gravado por artistas como Trio Elétrico Armandinho Dodô e Osmar, Caetano Veloso e Luiz Caldas. Comprovem: http://www.youtube.com/watch?v=GVDMul6zx5g&feature=related

Mas nesse texto vou comentar uma outra música, a qual tem status de hino para os tricolores e define muito bem o que é torcer para o Esporte Clube Bahia. Com vocês, "Campeão dos Campeões".

"Quem é o campeão dos campeões? É o Bahia"

Os redatores que me perdoem, mas muitas vezes, as imagens têm o poder de definir muito melhor um fato do que um texto. Vejam essa obra de arte retirada da galeria do http://www.baheaminhaporra.com/.

"Quem é que carrega os multidões? É o Bahia"

Neste ponto, o Bahia é insuperável. Na épica partida entre os tricolores baiano e carioca em 1988, a Fonte Nova lotou com mais de 110 mil pagantes. Com 8 anos de idade, esta semifinal foi um dos poucos jogos que não fui naquele ano, pois meu pai, com muita prudência, não deixou uma criança enfrentar aquele mar de gente. Em 2007 na Série C, ajudei o Baêa a conseguir a maior média de público em todas as divisões. Ressalto que torcidas mais numerosas como a do Flamengo, Corinthians e São Paulo não chegaram nem perto da massa tricolor. Atualmente, Pituaço está arrastando mais de 17 mil torcedores por jogo. O azul, vermelho e branco voltaram a colorir as nossas avenidas e os gritos de guerra ecoam novamente por toda a Salvador.

"Quem é que tranquiliza os corações? É o Bahia"

Com Rubens Cardoso, Patrício, Helton, Léo Medeiros e grande elenco, o Bahia voltou a goleiar, virar partidas, decidir o jogo e reduzir o número de infartos em Salvador.

"Time de raça e tradições, Bahia campeão dos campeões"

Nesta semana, o maior do Nordeste comemora 20 anos do título de Bi-Campeão Brasileiro. Revendo os lances, gols, depoimentos e textos, não resisti. Chorei.
"O nosso time está numa nova arrancada, este ano não tem zebra não tem nada"

Se Renato Russo estivesse vivo, cantaria "Ainda é cedo" no Festival de Verão para retratar a nova fase do único Bi-Campeão Brasileiro do Nordeste. Concordo com ele e sei que o nível do Campeonato Baiano não é elevado, mas os sinas de mudança e avanço já são percebidos. O time tem outra cara, com mais pegada, habilidade e postura de vencedor. A taça do Baianão de 2009 vai para Itinga!

"O Bahia é o clube do povo"

Ser baiano é sinônimo de ser Baêa. Alguém duvida disso? A relação entre as duas partes é tão próxima que levou Boka a indagar Roque em "Ó, paí, ó": "Você é Bahia ou você é Vitória, afro?".
O time leva as cores e bandeira do estado no escudo. Os torcedores são miscigenados, fiéis a todos os santos e orixás, batalhadores, sofrem, mas não perdem a esperança como bons baianos. E ainda fazemos carnaval fora de época quando conquistamos os nossos títulos.
"Domingo estarei aqui de novo"

No próximo jogo, enfrentarei engarrafamento na Paralela, fila pra passar o cartão na catraca e cerveja quente no bar, mas irei encarar tudo isso com muita alegria para ver o meu Baêa brocar mais um timeco em Pituaço. BORA BAÊA MINHA PORRA!!!
Pra soltar o grito, curtam "Campeão dos Campeões" na versão de uma banda JAPONESA chamada Novos Naniwanos: http://www.youtube.com/watch?v=hqmyE59nzQU

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Rodo cotidiano

Faz pouco mais de um ano que tenho sentido uma dor incômoda em meu ombro direito. A camisa aperta, a paletada da guitarra sai sem pegada, o msn cansa e a marcação no baba está mais fraca do que a zaga do Vitorinha.

No início do ano, fui novamente ao ortopedista, fiz mais exames e o diagnóstico permaneceu o mesmo: bursite e tendinose. Voltei ao ortopedista para saber qual seria a solução para não virar uma espécie de Robocop. Primeiro, procurei entender os motivos que levaram ao resultado assustador. Fala Doutor: "Eder, você é estressado?". Após alguns esclarecimentos técnicos, ficou claro que a tensão do cotidiano levou às inflamações. Como já não tenho 20 e poucos anos e sim 20 e tantos, decidi que vou tirar esse job da pauta logo e decretei 2009 o Ano Zen. O pulso ainda pulsa.

Para o meu projeto obter sucesso, resolvi intensificar a acupuntura, voltar pro RPG, tentar dormir mais e fazer algo inédito, caminhar. Esta nova rotina ora lembra a de Ronaldo Fenômeno no Corinthians e em outra a de sexagenários com osteoporose. Prefiro pensar que estou no primeiro grupo e chego a conclusão que deveria ter ouvido mais o bordão de Paulo Cintura: "saúde é o que interessa, o resto não tem pressa. Yeah-Yeah!".

Uma outra mudança tem colaborado bastante na minha recuperação, a de endereço comercial. Não me refiro a nenhuma empresa pela qual passei, mas sim ao endereço literalmente. Passei mais de quatro anos trabalhando em empresas situadas na Avenida Tancredo Neves e adjacências, região onde se situam as principais agências de propaganda de Salvador. Vivenciei o caos instalado antes, durante e após a inauguração do Salvador Shopping, o aumento do fluxo de veículos e pedestres, a construção de novos prédios, a tomada das passarelas pelos ambulantes, a demora no ponto de ônibus e a crescente temperatura. Apesar de morar perto do escritório, o ir e vir de casa para o trabalho era estressante ao extremo. Além do mais, na Avenida Paulista provinciana só se vê prédios comerciais, estacionamentos, shopping center e pessoas agoniadas se batendo de um lado para o outro. Hoje, estou convicto de que esse contexto influenciou diretamente no meu estado de saúde atual.

Desde julho do ano passado, migrei para a Barra. No início, achei distante de minha casa já que moro em Brotas, mas logo aprendi os diversos caminhos para chegar na agência sem estresse. A partir daí, passei a aproveitar as coisas simples que o logradouro mais tradicional de Salvador oferece. Seguem algumas: tomar um chopp no Pereira, comer uma maniçoba no Porto da Barra, ouvir um vinil no Galego, degustar o melhor acarajé do mundo feito por Regina, visitar o Pelourinho às terças-feiras, almoçar no Largo 2 de Julho ou Comércio, ir ao TCA e Concha Acústica sem confusão e tomar um sorvete na A Cubana ou Perini da Graça. Não vou contar tudo senão o ex-presidente do Brasil vai querer se mudar pra cá.

É como disse bem o meu amigo Vinícius no post anterior, "é preciso ganhar dinheiro com poesia".