segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Eu sou o Carnaval em cada esquina - Parte II

No texto anterior, o pombo correio contou o meu repúdio ao Carnaval durante a minha infância. A ojeriza em relação à folia momesca só fez aumentar no início de minha adolescência. Porém, a causa agora era o tal do rock n' roll.

Com distorção entrando pelos sete buracos da minha cabeça, o trio elétrico - pipoca, abadá e axé - ficava cada vez mais distante de mim. Ao mesmo tempo em que descubria clássicos como "Rocket to Russia", "Chaos A.D.", "Cabeça Dinossauro" e "In Utero", a rotulada axé music emplacava um hit atrás do outro. Além do mais, os ambientes em que frequentava, muito parecidos com este vídeo - http://www.youtube.com/watch?v=CAep4VS40qo -, nada lembravam os clubes Bahiano de Tênis e Espanhol. Conclusão: dar um "mosh" batia muito mais onda do que sair do chão.

Sendo assim, restava para mim viajar ou curtir o Carnarock. Entre 94 e 97, não tive dúvidas, só dava Carnarock. Idealizado pelo Clube de Rock, o festival acontecia em pleno Carnaval na praia de Piatã enquanto o resto da cidade corria atrás do trio.

Como pede o Carnaval, o público era uma geléia geral com gente de tudo quanto é jeito. Tinha punk, metaleiro, hippie, skatista, grunge, doidão, bêbado e alternativo. Quase todos, inclusive eu, vestiam camisas pretas com estampas de suas bandas favoritas e jeans. Esse era o nosso abadá. Os mais radicais usavam adereços de acordo com a sua tribo. Os punks ostentavam correntes, coturnos e munhequeiras enquanto os metaleiros amedrontavam os demais com crucifixos invertidos, tatuagens e camisas com dizeres satanistas. Qualquer antropólogo que estivesse em dúvida sobre o tema de sua monografia bastava ir a um dia no Carnarock para encontrar um tema. Assunto não faltava.

Já que o papo é gente, eu e meus amigos tínhamos uma afinidade com o Carnarock absurda. Aquele lugar era o nosso Woodstock. Explico. Foi o nosso primeiro encontro com uma palavra tão almejada por todos, a liberdade. Como éramos guris, com média de idade de 14 anos, tudo era novidade. Sair sozinho, fazer o que quiser, ficar à vontade, comer junkie food, bater cabeça, tocar air guitar, ficar plantado, pular do palco e ouvir muito rock, é claro. Destas experiências ficaram muitas histórias para contar aos nossos netos.

Naquele palco, com telões e caixas de som iguais ao do show de Lenny Kravitz que vi no Pacaembu, assisti as bandas mais legais de Salvador - The Dead Billies, Lisergia, Dois Sapos e Meio - e conheci muitas bandas como Ulo Selvagem, Slow e Zona Abissal. Infelizmente, a Locomosquito nunca conseguiu tocar lá porque o bloco do Clube do Rock era mais preconceituoso do que o Eva nos anos 90.

Em 1997, com estrutura pífia, bandas de péssima qualidade e ambiente sem segurança, a praia de Piatã tomou uma goleada da Barra, Ondina, Campo Grande e do corredor da história. Virei a casaca.

A saga carnavalesca continua no próximo post. Aguardem o último bloco da trilogia.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Eu sou o Carnaval em cada esquina - Parte I

A primeira lembrança que tenho do Carnaval é de 1986 quando saí no ombro de meu pai no Camaleão na Avenida Sete. Acho que ele não tinha com quem deixar o filho e foi obrigado a carregar o guri sem falar na mamãe-sacode, lata de cerveja, cigarro e a mortalha. Haja equilíbrio, ou melhor, "haja amor". Mas prefiro pensar que fui levado à Avenida Sete naquele dia para ser iniciado na dita maior festa popular do mundo.

No ano em que o Brasil foi eliminado pela França pela primeira vez, quem puxou o bloco foi Luiz Caldas e banda Acordes Verdes, que incendiava as tardes no Chacrinha, tocava nas principais rádios populares do Brasil, vendia milhares de bolachões e tinha dois desconhecidos em sua formação, Carlinhos Brown e Cesinha. Até então, meu conhecimento musical se resumia a Balão Mágico, Trem da Alegria, Menudo, Tremendo e Dominó. Nunca tinha ouvido falar em "Fricote", "Magia" e "Ajayô" e nem lembro se curti ou não aquelas músicas que saíam das caixas do trio elétrico.

Ainda nesta época e até o início dos 90, fui uma criança insuportável. Era nojento, dengoso, chato, grosso e anti-social. Vale reforçar o tempo do verbo - ERA - ok? Conciliar esses atributos com toda a confusão do Carnaval em minha infância foi mais difícil do que acompanhar a temida corda do Chiclete hoje em dia.

Neste período, meu pai trabalhava em uma instituição localizada no meio da Avenida Sete, trecho do circuito onde as bandas estão embaladas após a saída do Campo Grande. Por causa disso, este ponto sempre foi considerado boca de zero-nove pelos foliões. Para vender bebidas e petiscos à massa e fazer o Planeta Othon dos anos 80, meu pai e os seus colegas montavam uma barraca na frente do prédio. Beleza pura, dinheiro não! O problema era um só: eu! Odiava aquele espaço. Gente suada e fedorenta, comida suja, Sarajane e Cid Guerreiro, Guaraná Brahma e copo de plástico. Não tinha brigadeiro, coxinha da Perini, Big-Sundae, tubaína, Atari, álbum de figurinha, bola, filme dos Trapalhões nem pega-pega. Quer dizer, rolava muito pega-pega, mas esse eu ainda não podia brincar. Além do mais, minha gagueira era mais acentuada. Praticava o velho provérbio: entrava mudo e saía calado. Sempre de mau humor.

E a dúvida continua até hoje. Esse sofrimento foi um treino para eu enfrentar o Carnaval sozinho posteriormente ou não existiam creches ou babás naquele período?

Para terminar, segue um vídeo de primeira classe: http://www.youtube.com/watch?v=ps8GgGKYueU

A folia do Rei Momo continua. Aguardem o próximo post.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Espírito Natalino

Já estamos em dezembro. E todo final de ano eu fico entediado com esse lance de fraternidade, união, espírito de Natal e coisas afins. Bullshit! Para mim, isso deve ser feito no dia-a-dia e não uma vez no ano. Parece aquela história do cara que apronta e depois vai se confessar com o padre ou então aqueles que depois de fazerem tanta merda na vida "encontram Jesus".

Em minha adolescência, como vocês viram no texto "Roque e o besouro", conheci o Punk Rock e o Hardcore. Inclusive, tive uma banda em que estes estilos eram bastante presentes no nosso som, a Locomosquito, e até hoje ainda ouço Sex Pistols, Ramones, Ratos de Porão e três acordes mais rápidos do que a velocidade 5. Com letras muito agressivas e diretas, estas bandas criticam tudo relacionado ao capitalismo. Pensando nisso, lembrei de uma música do Garotos Podres que a Locomosquito tocou em um show no Casablanca em Amaralina no dia 25/12/96 . Vejam abaixo a letra da singela canção que resume a minha opinião sobre o espírito de Natal.

"Papai Noel velho batuta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo!
Aquele porco capitalista

Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Pobres, pobres...

Mas nós vamos seqüestrá-lo
E vamos matá-lo!
Por que?

Aqui não existe natal!
Aqui não existe natal!
Aqui não existe natal!
Aqui não existe natal!"

Vejam neste link - http://www.youtube.com/watch?v=VOU3m4XKzy0&feature=related - os Garotos Podres descendo a madeira ao vivo no Altas Horas. Peraê! Na Globo?!

É, o espírito de Natal faz até punk tocar na casa do falecido Marinho.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Roque e o besouro

Na vida de todo ser humano existem fatos marcantes que mudam por inteiro o way of life do pacato cidadão. Pode ser uma viagem, um amor, um livro ou qualquer dois mil réis. Gil não seria o mesmo se não fosse exilado em Londres, Arnaldo Baptista poderia estar lúcido até hoje se não amasse Rita Lee e os LP´s "Tim Maia Racional Vol. I e II" poderiam ser encontrados ali pertinho do Bompreço se o Síndico não tivesse lido "Universo em Desencanto". Surtei quando conheci um brother chamado Rock.

Filho de um negão de nome Blues, americano e com mais de 60 anos, Rock apresentou para o guri de 12 anos uma nova forma de ver o mundo através da música. O ano era 1993 e, como todo adolescente, eu consumia o que estava no mainstream. A moda daquela época era tomada por um dos netos de Rock, o Grunge. Ele era um cara massa que transbordrava música e comportamento, ou melhor, rock e atitude. Com ele, descobri porradas como "Bleach", "Nevermind", "Ten" e "Superunkown" e passei a pensar e me vestir diferente.

Depois disso, o cidadão instigado conheceu a família toda. Com o tempo, Hard Rock, Heavy Metal, Punk Rock, Hardcore, Psicodelia, Progressivo e a árvore genealógica completa do filho do Diabo se tornaram meus melhores amigos. Porém, durante esses anos uma mania de criança insistia em vir à tona, a de não gostar de algo sem conhecer. Costumava dizer que detestava camarão, lambreta e maniçoba sem nunca ter comido uma moqueca, bebido um caldinho quente no copo americano ou ter ido almoçar na A Venda.

Esse "tique" se transformava num TOC pior do que o de Roberto Carlos quando alguns amigos conversavam comigo sobre uma das principais obras do velho Rock, uma banda de quatro ingleses dos anos 60. Já tinha lido muito a respeito deles, ouvido diversos hits, sabia da sua importância, mas o Sargento Pimenta não agradava os meus ouvidos de jeito nenhum. Puro preconceito. Quase um apartheid.

As coisas mudaram enquanto lia a biografia banda mais foda do Brasil, Os Mutantes. As páginas corriam e o autor fazia constantes referências à devoção dos irmãos Baptista e de Rita Jeep pelo Submarino Amarelo. Pensei: "se Arnaldo e cia dizem que a principal influência deles são os Beatles, esses caras devem ser realmente bons. kkkkkkk". Acho que nunca fui tão ignorante em minha vida. Nesse momento, lembrei de uma entrevista em que Ed Motta comentava como se tornou fã de Tom Jobim. O cantor de "Manoeeeel" comprou o primeiro disco do Maestro quando leu na contra capa do LP o nome de um produtor que ele admirava. Se não fosse essa nota de rodapé, talvez a bossa nova nunca entrasse no funk e soul do sobrinho de Tim Maia.

Mas, o assunto é Rock e sua extensa família. A cena vergonhosa descrita acima aconteceu em setembro de 2007. No mês seguinte, fui ao paraíso dos discos em São Paulo, a "Baratos Afins" na Galeria do Rock, e fui recuperar o tempo perdido. Comprei "Rubber Soul" e "Sgt. Pepper´s". Fiquei viciado. Ainda em outubro, mudei de emprego e a maior parte da agência venerava Seu Rock. Nos dez meses que passei nessa empresa, sob influência do diretor de criação, conheci os verdadeiros The Beatles. Recentemente, comprei dois álbuns clássicos, "Branco" e "Revolver".

Se não fosse apresentado a Rock há 15 anos, provavelmente nunca entenderia o que foram os besouros.

Escrevi esse texto, que dedico para Caio, Tiago, Pedroca e Coló, ouvindo Paul, John, George e Ringo na radiola e no CD player.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A cuíca roncou

Contrariando o caráter pessoal de um blog, abro espaço para um editor convidado de primeira linha, meu pai, Ailton Carvalho. Aproveitem!

Por Ailton Carvalho

Àqueles com mais de 30, que nunca entraram na MESBLA NÁUTICA, por conta da imponência dos artigos de luxo ali expostos, aqui vai uma sugestão. A majestosa loja virou o Cais Dourado. Com alguns trocados é possível aproveitar as delícias do cais, como dourado foi o passeio de João Bosco, no último sábado.

Na chegada, a impressão não é das melhores, o lugar é aparentemente pequeno, difícil estacionamento, um lugarzinho pra esticar as pernas é bastante disputado. A acústica, também, parece não ajudar. Mas, todos os inconvenientes vão, aos poucos, se dissipando quando o protagonista da noite vai entrando no palco. A gente vai enxergando que mais valem as coisas boas do que pequenos defeitos de infra-estrutura, só detectados por aqueles com mais de 30. Assim, a demora da troca dos instrumentos, já é coisa do passado, quando João Bosco começa a dedilhar um violão que canta. É verdade, o violão dele canta muito melhor que nos discos.

Com sua voz rouca e caretas das mais variadas e a ajuda de um nariz absurdamente grande, João Bosco começa com aquela vontade de fazer uma noite vibrante. Estava a 2 metros do cara e sem entender muito das notas musicais, era capaz de perceber que o espetáculo seria dos melhores que já vi. E foi. Não era uma postura saudosista, já que todas as suas letras e o jeito do violão são inovadores. O que não se pode dizer dos improvisos da voz. Isso porque até hoje não entendo nada daquelas falas estranhas, mas que aos ouvidos soam pra lá de bom. Os caras da banda preservam o mesmo alto nível de João Bosco. A guitarra de Nelson Faria é de uma leveza impressionante, em contraste com a batida forte do baixo de Nei Conceição que dá o ritmo das canções. Na bateria tem um cara chamado Kiko Freitas, cuja melhor definição veio de um cidadão que estava ao meu lado, mais entusiasmado do que eu, o classificou como o MISERÁVEL. Não do ponto de vista pejorativo, mas se usasse o adjetivo espetacular ou excelente não agregaria nada de novo. Tão miserável quanto, era o percursionista Armando Marçal. Quando o mestre começou a cantarolar “roncou, roncou, roncou de raiva a cuíca roncou de fome, a raiva e fome é coisa dos home”, meu irmão, a cuíca chorava de verdade. Foi de arrepiar.

O cara cantou samba, canções falando de amor, declamou poesias, tudo perfeito. Foi completo, exceto nos breves passos de dança, aqui o sujeito é prá lá de desengonçado.

Acho que entendi o real sentido da palavra sintonia. A expressão de alegria do povo era tamanha que, por alguns instantes, eu me perguntei: “por quê a vida de verdade não é assim?”.

Realmente, não sei dizer o que foi melhor do show, se foi a alegria, o profissionalismo, o talento, o repertório, a maneira respeitável e contagiante de tratar o público.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Energia, simpatia, harmonia e alegria

Nove meses de espera. Quase uma gestação. Ansiedade, nervosismo e tensão foram sintomas comuns neste período. Até que na última sexta-feira, 14/11/08, a alegria voltou a brilhar, pois A Banda do Zé Pretinho voltava a Salvador para mais uma noite de "energia, simpatia, harmonia e alegria". E foi exatamente isso que aconteceu.

A energia vinha de cima com a"lua de São Jorge, cheia, branca e inteira" em plena sexta-feira. Como bom baiano, saí de casa vestido de branco com as roupas e as armas de Jorge para a vibe positiva fluir e se dissipar.

A simpatia era fácil de perceber. Bastava olhar ao redor e notar o semblante das pessoas. Todos sorriam. Salve simpatia!

Mais harmonia do que a do Cais Dourado neste dia, só em melodia de Tom Jobim. A partitura foi composta por amigos de infância e da faculdade, primos, colegas de trabalho e brothers de farra. Para ficar ainda melhor, até o segurança era educado. Em 12 anos de boêmia, nunca vi nada igual. De forma amistosa, o homem de preto permitiu que eu saísse da festa para entregar um ingresso a um amigo que ainda não havia entrado sem nenhum problema. Nem lembrava o terror acontecido no ensaio da Timbalada no domingo anterior.

"Boa noite, boa noite, bom dia. A Banda do Zé Pretinho chegou para animar a festa". Apoteose! A alegria atinge o nirvana e permanece em êxtase do início ao fim do show. A turma do Ben dançou, pulou e cantou apesar do trio de metais não estar completo, com sax, trompete e trombone, e de Jorge não tocar mais a guitarra cantante como antigamente.

O repertório agradou a todos os públicos presentes na festa - os coroas, os alternativos, os doidões e os playboys. Viva a mistura! De "Taj Mahal" a "O homem da gravata florida", passando por "País Tropical" e "Umbabarauma" e muitos hits. Foram quase duas horas de samba-rock, funk e swing.

Um dos momentos mais aguardados do espetáculo foi a escolha da Miss Simpatia. O percussionista mais malandro do Brasil, Neném da Cuíca, teve a difícil missão de selecionar na platéia as candidatas ao cobiçado título. Neste dia, a cuíca de Neném quase que não roncou devido ao árduo trabalho do seu proprietário. Vários clones da "menina mulher da pele preta" dançavam e se esbaldavam na Cidade Baixa enquanto Neném selecionava uma a uma. "Gostosa, ela é gostosa, bem que minha mãe avisou" era o refrão que saía do microfone e foi gritado por mim e todos os outros homens presentes no baile. As beldades beijavam Benjor, abraçavam-no e balançavam ao seu lado. Ah, como eu queria ser o Zé Pretinho neste momento.

Salve, Jorge!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Todo Carnaval tem seu fim

Encerrar a carreira deve ser uma decisão muito difícil a se tomar em qualquer área. Do funcionário público, acostumado com a rotina de não fazer nada e dificultar a vida dos outros, até um boleiro como Romário, com receio de perder o glamour, as badalações e as marias-chuteiras.

Pensando nisso, eu e o neo-paulista Nadson Guimarães desenvolvemos um projeto direcionado aos artistas que se encontram neste estágio de vida. O objetivo é incentivá-los a pendurar as chuteiras ainda com fama. A idéia é parecida com um PDV, pedido de demissão voluntária, dos bancos públicos. Você recebe um pé-na-bunda, mas tem grana para começar uma nova vida.

O festival, que já teve a aprovação do Faz Cultura, está na fase de captação de recursos no mercado privado para realizar a sua primeira edição no verão de 2009. Após diversas reuniões entre a diretoria da Catavento Produções Artísticas, elaboramos o conceito e a grade de programação do evento.

Aproveitando a tendência mundial, o festival terá um cunho sócio-cultural ao valorizar a obra destes artistas pelo que fizeram no passado e proporcionar a eles um fim de carreira digno. Este fator estará presente em todos os pontos da organização do evento. Por exemplo, a intenção é que a festa aconteça na Fonte Nova para depois o caldeirão baiano ser demolido.

Afirmando uma característica da cultura baiana, a miscigenação, o festival trará talentos regionais, ícones da MPB, clássicos do pop-rock nacional e atrações internacionais em todos os dias de shows. Com isso, a produção do evento espera expandir o evento para todo o mundo assim como o Rock in Rio e, enfim, possibilitar uma renovação da cena musical.

Vejam abaixo a grade de shows:

1º Dia (Apresentação: Hebe).
Gal Costa, Titãs, Asa de Águia e Guns n´Roses.

2º Dia (Apresentação: Raul Gil)
Beto Guedes, Lulu Santos, Cheiro de Amor e Michael Jackson.

3º Dia (Apresentação: Gugu Liberato)
Emílio Santiago, Marina Lima, Araketu e The Wailers.

Como o festival ainda não tem nome, aguardo sugestões de títulos e shows para os palcos alternativos do evento.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

De barba

Não conheço ninguém que goste de Ivan Lins. Sei que esta amostra não é representativa para demonstrar a popularidade do autor de “Madalena”, mas um artista que permite Simone gravar suas canções em um disco inteiro é, no mínimo, suspeito. Em minha opinião, a única música legal dele é uma composição em parceria com o presidente do Politeama, Chico Buarque, “Renata Maria”, que se encontra no álbum “Carioca”. Vejam o clipe neste link: http://www.youtube.com/watch?v=Q0EGYMx16og

Porém, meu amigo Bernard, o Charles Gavin da Bahia, um dia disse para mim, Caio e Rodrigo que Ivan Lins tinha um LP fantástico no qual ele aparecia de barba na capa. É claro que todos duvidaram desta sandice, mas o DJ Le Querré insistia com esta afirmação. “Ivan Lins de barba é massa. É isso. É aquilo”. Com tanta persistência, a expressão “de barba” entre nós passou a ser sinônimo de coisa fina, cult e di fudê.




Então, esqueçam a navalha e a espuma de barbear que listarei uma série de bandas e cantores na fase “de barba”:

1 - Jorge Ben: de 1963 até incluir o Jor em seu nome, o mestre lançou discos que revolucionaram a música brasileira e influenciaram de Caetano Veloso a Max Cavalera.
2 - Mutantes: de “Os Mutantes” até “Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida” não tinha pra ninguém no rock. Nem para os Beatles. Os Mutantes “lisergiaram” tudo: a MPB, o rock e a mente dos doidões em plena ditadura militar.
3 - Black Sabbath: até o LP “Sabotage”, último álbum de Ozzy, a banda de Tony Iommi era o grupo de metal mais criativo e pesado do mundo
4 - Chiclete com Banana: entre o final dos anos 70 e meados dos anos 90 antes de expandir as micaretas por todo o Brasil e criar uma comunidade mais fiel que os torcedores do Baêa, os Chicleteiros.

A fase “de barba” pode e deve ser ampliada para áreas afins como cinema, esportes, literatura entre tantas. Conto com vocês para essa lista aumentar.

Salve Fidel Castro, Bule-Bule, Papai Noel e Ivan Lins (de barba, é lógico)!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O vencedor

"Olha lá quem vem do lado oposto
E vem sem gosto de viver
Olha lá que os bravos são escravos
Sãos e salvos de sofrer

Olha lá quem acha que perder
É ser menor na vida
Olha lá quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor,
Levo a vida devagar pra não faltar amor

Olha você e diz que não
Vive a esconder o coração
Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
Só procura abrigo
Mas não deixa ninguém ver
Por que será?

Eu que nunca fui assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz." (Marcelo Camelo)

Mas vencedor mesmo é quem tem uma família linda como essa.


domingo, 26 de outubro de 2008

Não vá!

Apesar de não apreciar o estilo de jornalismo dos veículos de comunicação pertencentes à Metrópole, um dia desses li o jornal do grupo e achei massa uma coluna chamada "não vá, não ouça, não leia, não assista". Neste espaço, os jornalistas descem a madeira em tudo o que é lugar, disco, filme e temas afins de qualidade duvidosa. Vou aproveitar a idéia e fazer um "não vá" aqui no blog.

Salvador é conhecida por ter poucos espaços de qualidade voltados para o rock, blues, jazz, funk ou qualquer outro gênero que o cantor não pede para o seu público tirar o pé do chão, arrastar a sandália, arrochar ou quebrar. Quase todos que trouxeram propostas novas como o French Quartier, Portela Café ou Santana fecharam. Como diz Selton Mello em O Cheiro do Ralo, "a vida é dura".

Foi inaugurado este ano uma casa que vendia uma proposta interessante, com ambiente descolado, música diferente e atitude. Atitude! Gravem esta palavra que falarei mais tarde. Curioso e sedento por novidades que sou, fui conhecer o tal pico, o Groove Bar. Isso faz uns dois meses.

Na última sexta-feira, instigado para curtir o show do Cascadura, que não via há um bom tempo, fui novamente para o Groove Bar. Após uma semana intensa de calça social, camisa de botão, meia fina e sapato de couro com 30 graus na cabeça, gosto de ficar à vontade no final de semana. All Star no pé, meia curta, bermuda folgada, Nossa Senhora Aparecida no bolso, cartão no outro e camiseta. Estava pronto para a night. Faltava apenas os três acordes, o baixo de paleta e a bateria para a noite ficar completa.

Chegamos na Barra. "Baby eu não sei dizer porque toda sexta-feira eu tenho que beber", "quando eu chegar na Nicarágua, mando um cartão postal para ela", "mesmo eu estando aqui do outro lado" eram alguns versos que pretendia gritar com a cerveja na mão. Pois é, pretendia porque não consegui entrar. Motivo: estava de bermuda. Dinheiro no bolso, alegria no rosto, amigos ao lado e rock no coração não foram suficientes para vencer a indumentária. A cena repete o dia-a-dia do Brasil. Se você não estiver dentro do padrão, já era papá. Lona!

Neste momento, a ficha caiu. Fiz uma retrospectiva em segundos. Lembrei que a entrada é cara, o preço da cerveja absurdo, o repertório dos dj´s previsível e a grade fraca. Além disso, tudo lá é fake. A entrada com a foto clássica do primeiro disco dos Ramones, as capas de ábuns revolucionários em quadros e a iluminação escura não condizem com a postura conservadora do estabelecimento. Como pode um local que vende atitude, possui um ícone punk na fechada e banda de rock na programação ter uma postura tão retrógrada e burra? Burra porque eles perderam dinheiro, pois erámos quatro consumidores dispostos a gastar.

Depois disso tudo, lembrei de uma foto de Iggy Pop que vi na internet. Ele vestia a sua calça de sempre e estava sem camisa como de costume na cerimônia do Grammy ao lado de Madonna. Isso sim é atitude! Será que ele conseguiria entrar no Groove Bar?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Save the music

Estava no computador quando ouvi um som na televisão com uma pegada forte de blues. Corri para saber qual era a colé daquele riff marcante e da bateria seca que mantinha a pressão.

Era uma banda que estava tocando no Programa do Jô com uma cantora bonita e interessante. Pensei: "será que é minha musa Maria do Céu?". Logo percebi que não era a filha de Carolina Carol Bela, mas uma menina magrinha e charmosa. Estrofe vai, refrão vem. SUSTO!!! Marjorie Estiano se revelava! Meu Deus, estava curtindo uma música da mulher de Ferraço!

Depois da bomba, continuei ouvindo o som, mas passei a ter uma atitude ridícula ao procurar os defeitos da canção só porque era de Marjorie Estiano. Notei que os vocais eram forçados para soarem cool e o riff se tornou chato. De qualquer forma, a música era boa e ponto final.

Em seguida, lembrei que isso já havia acontecido comigo quando ouvi "Living la vida loca" do menudo mais famoso, um pop dançante dos irmãos de Campinas e um axé babá do Jammil.

A partir de agora serei como o slogan da Educadora FM. Se é bom a gente toca. Pode ser Ricky Martin, Calypso ou Chico Buarque.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Música

"Nosso sonho
Se perdeu no fio da vida
E eu vou embora
Sem mais feridas
Sem despedidas
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música

Nossas juras de amor
Já desbotadas
Nossos beijos de outrora
Foram guardados
Nosso mais belo plano
Desperdiçado
Nossa graça e vontade
Derretem na chuva

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música

Um costume de nós
Fica agarrado
As lembranças, os cheiros.
Dilacerados
Nossa bela história
Está no passado
O amor que me tinhas
Era pouco e se acabou

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música " (Liminha / Vanessa da Mata)

Espero estar errado...
Eis a canção: http://www.youtube.com/watch?v=RbPRn8dxy-w

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Síndrome de Chicó

Quase todo mundo tem um amigo que sofre da Síndrome de Chicó. Os sintomas dessa doença são muitos. Seguem os principais: fantasia excessiva, criatividade exarcebada, ludicidade em alta, fanatismo por Pinóquio e, principalmente, muito humor.
Conheci, recentemente, uma pessoa, cujo pseudônimo será Zé, que é portadora da Síndrome de Chicó por muitos anos. Geralmente, essas pessoas têm infinitas histórias - ou seriam estórias? - para contar aos amigos que sempre riem delas. Então, vou redigir uma breve coletânea dos causos de Zé, que jura serem todos verdadeiros.

A mulher que virava cachorro

Segundo Zé, em sua cidade do interior, Aruama, existia uma mulher que se transformava em cachorra. Não é lobisomem, minha gente, é cachorro mesmo. Tipo pitbull, poodle ou labrador.
Zé me disse que ela era excomungada, bastarda e não tratava bem a mãe. Até que um dia, no auge de sua fúria, a Suzane von Richthofen dos anos 80 agrediu a sua genitora, aplicando-a uma surra da mulesta.
Depois disso, a mãe fez uma mandinga para que a filha virasse cachorra em todas as Semanas Santas. A cigana atendeu o feitiço da mãe e, por isso, quase que a pomba-gira foi parar na novela "Os Mutantes". A filha se transformou em um cadela branca mais feia do que o coisa-ruim.

O gato

Para mim, esse causo é campeão. Zé criava um gato muito esperto em casa. Podia até assumir o lugar de "Olho Vivo" no desenho animado.
Sempre que Zé deixava a sua caneta cair no chão, o bichano ia em direção ao objeto e o colocava na boca como se quisesse brincar com a Bic.
Um belo dia, Zé procurou a sua Kilométrica para anotar o telefone de um amigo, mas não a encontrou. Quando ele viu o felino, deduziu que a esferográfica estivesse em sua boca. Porém, o fã de Forrest Gump teve um susto! O dono das sete vidas estava com a caneta em sua patinha e estava escrevendo o seu nome, "Félix".

A curupira

Na mesma Aruama, Zé tinha um tio que morreu de morte matada. Ele não foi vítima de emboscada nem de disputa por terra. Quem o matou foi a sua esposa. O motivo não era ciúme ou herança. O tio de Zé era casado com um curupira, aquela verde de cabelo vermelho com pés em 180 graus.
Após uma DR intensa, a curupira se retou e deixou o tio de Zé cego. Não satisfeita, a prima de Hulk largou o velhinho sozinho no meio do mato. Até hoje, os primos de Zé aparecem no quadro "Desaparecidos" do Bahia Meio Dia sem muito sucesso. Mulher braba é fogo, mermão.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Onde está você?

"Onde está você
Apareça aqui para me ver
Eu vou gostar demais
Sabes onde estou
E nada mudou
Venha me dizer onde você andou
Eu andei sem te encontrar
Por quase todo lugar
Eu perguntava por ti
Teus passos sempre segui
Querendo te encontrar
Só para falar de amor
Frases que nunca falei
Carinhos que nunca fiz
Beijos que nunca te dei
O amor que te neguei
Agora eu quero te dar
E te fazer feliz" (Zezum)


sábado, 11 de outubro de 2008

Ônibus - não!

Lado A

Curto rock há 15 anos, mas nunca vi um show de uma banda que sempre fui fã, mas é muito incompreendida, o Ultraje a Rigor. Uns acham "inútil" e muitos percebem no som de Roger e companhia irreverência, consciência e atitude.

Tenho ouvido com frequência o álbum "Sexo!". Lançado em 1987, um ano antes do Baêa ser Bi-Campeão Brasileiro, o LP poderia ser vendido hoje com a capa da coletânea "Perfil", pois é recheado de hit nos dois lados. "Eu gosto de mulher", "Terceiro", "A festa", "Sexo!", "Pelado" e "Ponto de Ônibus" são algumas faixas clássicas da bolacha. Adoro todas, mas o meu "índice de afinidade" com "Ponto de Ônibus" é bem superior à média da população. Fala Roger:

"Ônibus - não!
Ônibus - não!
Quê que eu 'tô fazendo aqui,
Nesse ponto de ônibus;
Essas pessoas paradas aqui,
Nesse ponto de ônibus;
Quando eu tiver dinheiro,
Quando eu tiver dinheiro,
Eu prometo a mim mesmo que
Eu só vou andar de taxi
Ainda se o tempo não tivesse mudado,
Ainda se o ônibus tivesse parado
E esse cara, aqui do meu lado,
Fica me olhando com cara de tarado
Quando eu tiver dinheiro,
Eu prometo a mim mesmo que
Eu só vou andar de taxi
O motorista não foi nada educado,
Passou na poça e me deixou encharcado
Parou à frente, super-lotado
E o cobrador que nunca tem trocado"

Lado B

Minha relação com o transporte coletivo começou em 1994, ano em que chorei com a morte de Senna e com o "É tetraaaaa, é tetraaaaa". Nesta época, passei a estudar no velho Teresa e a situação era bem tranquila já que a experiência era novidade. Trocava o passe estudantil por Fruittlella, Sparkies e Chocolate Surpresa entre outras guloseimas, ia com os meus amigos da rua falando alto dentro do buzu, bagunçava e praticava muito um verbo tipicamente baiano, "traseirar".
Além disso, morava perto do colégio e as linhas disponíveis eram inúmeras como Rodoviária Circular A, Engenho Velho de Brotas, Aquidabã, Daniel Lisboa R1, Mirantes e Colina de Periperi e Luiz Anselmo.

Em 96, mudei de escola. Fui para o colégio que era especialista em aprovação no vestibular e "batizado" de adolescente, o PhDrogas. Mas a diversão continuava de outras formas. Os "carros" da Mercedez Benz passaram a ser o transporte oficial dos bêbados, filões de aula e shows de rock.
Na faculdade, conheci Joselito e ele passou a fazer as suas brincadeiras sem noção. O prédio de aulas era longe e só existia uma opção de linhas, que passava às 06:30.
Com o tempo, voltei para o curso de inglês e comecei a estagiar. Aí o caos se instalou. Pela manhã, o destino era Brotas-Imbuí-Brotas, à tarde o itinerário mudava para Brotas-AGÊNCIA-Brotas e no final do dia, a rota passava para Pituba-Brotas. No total, eram seis passagens no mínimo. Em certos dias, costumava ultrapassar o limite de viagens oferecido pelo meu companheiro gringo Smart Card.


O ônibus lotado, as pessoas suadas, o tempo interminável de espera no ponto, os assaltos, os malucos, os crentes, os cochilos, os baleiros, a Lapa, os guris enjoados, os gordos, os gaiatos, os tarados, os mal-educados, os "cobras" e "motôs" continuaram na pós-graduação e acompanhram as minhas mudanças de emprego até 10/10/2008.

Hoje, após 14 anos, o martírio chegou ao fim. Enfim, comprei o meu carro. Ônibus, NÃO!

Dica de comunidade no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=41548

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Regra três

A regra três é pior do que a Lei de Murphy.

"Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais

Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar
Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar

Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai
Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar" (Vinícius e Toquinho)

sábado, 4 de outubro de 2008

Sem título

Apesar de já estarmos na primavera de 2008, Salvador continua a ser uma cidade provinciana em quase todas as áreas. Mercado de trabalho, tecnologia, comportamento e, principalmente, cultura e entretenimento.

É fácil perceber. Basta ser curioso, ler um pouco mais do que o resumo da novela ou viajar para outras cidades. Costumo fazer as três coisas. Gosto de pesquisar, leio muito revista e internet e, sempre que posso, dou um rolê por aí.

Recentemente, algumas coisas me deixaram perplexo. Em Manaus, aconteceu um festival com a presença de Dave Matthews Band e Ben Harper, o melhor da arte de vanguarda da Europa está em exposição em Fortaleza e o Abril pro Rock é realizado há 16 anos em Recife/Olinda. Teoricamente, essas três cidades são menos desenvolvidas do que a boa terra e fazem com que eu questione sempre por que motivo eventos como esses não acontecem aqui.


Mas, às vezes, a primeira capital do Brasil me surpreende. Pela primeira vez, acontece de 05/09 a 05/10 o "Comida di Buteco" na Bahia. É claro que não se trata de uma mega produção nem de atrações internacionais, mas o evento movimenta intensamente as horas de ócio de quem está antenado.



A mecânica é muito simples: 31 bares são selecionados e cada um inscreve um tira-gosto, ou melhor, bota-gosto como anuncia o dono do Boteco do Lula, para participar do certame etílico-gastronômico. A intenção é instigar as pessoas a visitarem os estabelecimentos e degustarem os petiscos, elegendo assim a melhor iguaria de SSA.

A missão era difícil, 31 bares em 31 dias. Para isso, convoquei dois amigos, Carlos Cachaça e Nelson Gonçalves, para me acompanhar. Durante o campeonato, algumas pessoas entraram no time, mas a cozinha da banda foi mantida: Zeca Pagodinho, Carlos Cachaça e Nelson Gonçalves.

O esquema tático foi montado com precisão para não perdermos nenhuma partida. Os bares foram divididos por regiões iguais ao War II e horários de funcionamento. Houve a peleja do Garcia, com Tia Célia, Boteco do Farias e Aconchego da Zuzu, a batalha da Barra, que passou pelo Boteco do Farol, Bar do Careca e Bar do Chico, a guerrilha do Pelô na Cantina da Lua e Cruz do Pascoal e a disputa do Stiep no Barbicha Grill, o famoso Favelinha, Opção Informal, Bar do Peixouto e Bar do Jonas.

Em todos esses ambientes, a diversão foi garantida. Resenha com o dono do bar, copo americano, cerveja de garrafa e muitas saideiras, comidinhas leves como rabada, língua de boi e moqueca de miolo, gatos e cachorros transitando ao nosso lado e mesas em calçada, ladeira e debaixo de árvore. Ou seja, tudo que um bom boteco exige.

Após a maratona, o resultado final foi um aproveitamento de 87%, desempenho melhor do que o Corinthians na segundona e a popularidade de Lula, e muita história para contar aos netos.



sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Boca de Urna

Caros leitores,

Às vésperas desta eleição, se você ainda não definiu o seu voto, gostaria sugerir o nome de EVERALDO AUGUSTO, candidato à reeleição pelo PCdo B, n. 65123. EVERALDO AUGUSTO é professor de francês com mestrado em literatura pela UFBA, bancário, presidiu a CUT-BAHIA por dois mandatos, foi presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia e tem o apoio de personalidades progressistas no campo político, acadêmico e vários segmentos sociais. Tendo no exercício no seu mandato a defesa das lutas populares, junto com os trabalhadores da educação, do setor de serviços, comerciários e do ramo industrial. Junto com PINHEIRO 13, acreditamos que será possível uma Salvador menos desigual.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Tristeza não tem fim, felicidade sim

Adiado show de Jorge Ben Jor em Salvador

A Tarde On-Line

AFP/ ERIC CABANIS

O artista está em repouso por conta de uma recente cirurgia.

O show que Jorge Ben Jor faria neste sábado, 11, no Cais Dourado (Comércio), foi adiado para o dia 14 de novembro.

A produção do artista informa que ele passou por uma cirurgia no joelho direito, no último dia 25 e, por recomendação médica, deverá ficar de molho por mais 20 dias.

Os ingressos adquiridos para a apresentação do dia 11 terão validade para o show de 14 de novembro.

Além do cantor e compositor baiano Jau e o DJ Bandido, a noite contará com o Camarote Simplesmente Luxo. O show é uma realização do Cais Dourado, em parceria com a Íris Produções. Os ingressos do lote promocional custam R$ 40 (pista), R$ 90 e R$ 130 respectivamente, feminino e masculino (camarote). À venda na Ticketmix dos shoppings Iguatemi, Aeroclube, Barra e Estrada do Coco e no Balcão de Ingressos.

Mais informações pelos fone 3242.2200 ou pelo site www.caisdourado.com.br

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ansiedade

Sou ansioso desde pequeno. Aliás, continuo pequeno. Melhor, desde guri. Mas, alguns insistem que continuo uma criança e outros dizem que pareço um velho. Enfim, não importa a idade. A ansiedade me acompanha sempre.

Tenho andado muito ansioso nos últimos dias. A mão sua bastante, as pernas sapateiam igual ao eleitor que votou errado, o coração acelerou como a música do Calypso e a gagueira está pior do que a correspondente de Mário Kertész em Ilhéus.

A razão disso tudo é a volta para Salvador em outubro de duas referências nacionais em suas áreas, uma na música e outra no futebol. Jorge Ben e Esporte Clube Bahia. 11 e 18/10. Cidade Baixa e Paralela. Show e espetáculo. Escola de samba e trio elétrico.

O samba e o futebol voltam a alegrar a Soterópolis em grande estilo. A Banda do Zé Pretinho e a Nação Tricolor vão chegar para animar a festa. Haja coração, amigo.

Falador passa mal

"Eu vou torcer pela paz,
Pela alegria, pelo amor
Pelas moças bonitas,
Eu vou torcer, eu vou"

É por isso que Jorge fala pouco, mas fala bonito.

domingo, 28 de setembro de 2008

Crise de identidade

Apelido é igual a um amigo fumante. Incomoda, mas a pessoa acaba se acostumando com ele.

Ao longo dos anos, acumulei diversos sinônimos para Eder Galindo dos Santos. O primeiro foi o mais marcante e me deixava virado na porra durante toda a minha infância.

No auge dos meus cinco anos, como sou o neto mais velho do clã mineiro, fui recrutado para uma difícil batalha: ser guarda de honra do casamento do meu tio Chiquinho que, por sinal, tem o melhor apelido de todos os tempos. O nome dele é Antônio de Pádua e não Francisco!

Durante um mês, fui à casa da minha avó Lilita, que era costureira, para ajeitar o meu traje de gala. No dia do casamento, estava “todinho de branco, lindo”. Gravata borboleta, bainha feita, paletó, calça e sapatos brancos. Quase um malandro. Algo já apontava a minha veia boêmia.

Naquela época, quem tem mais de 25 anos se lembra bem, um seriado fazia muito sucesso, “A Ilha da Fantasia”. Um dos personagens principais usava um passeio completo branco.

Voltando ao matrimônio, no momento de entrar na igreja com as alianças, um tio sacana gritou: “lá vem Tatu” e toda a galinhada começou a rir. Dei pra ruim, calundu, piti, esperniei, chorei e não entrei na igreja. A partir daí, Tatu foi incorporado ao meu nome.

Convivi com essa alcunha até 1994, mas alguns me chamam assim até hoje. O que aconteceu neste ano de tão importante? A morte de Senna, o tetracampeonato da Seleção Brasileira ou a valorização do Real? Explico.

Tenho nome de jogador, meus tios me deram esse nome por causa do craque atleticano Eder Aleixo, mas como diz O Rappa: “no país do futebol, eu nunca joguei bem”.

Todo guri que se preze já brincou com seus amigos de baba porrada ou baba lixa. A regra é clara: o objetivo é acertar o seu amigo com uma bolada na cara, de preferência, e praticar Street Fighter quando o coleguinha estiver com o domínio da bola. Essa modalidade do futebol foi o precursor do vale tudo.

Após muitos treinos com bolas e luvas, o baba porrada era a minha especialidade já que nunca consegui ser um camisa 10. Devido ao meu excelente desempenho neste esporte olímpico, recebi o singelo apelido de Cavalo. Assim como a fase de Tatu, fiquei puto com esta homenagem. Era adolescente, tímido e morria de vergonha.

Com o tempo, fui aceitando este nome carinhoso. Antes restrito aos amigos do condomínio, o apelido se expandiu para a família, amigos do colégio e colegas de trabalho. A identificação foi tanta que meu pai nem lembra mais o que ele registrou no cartório há 27 anos.

Até hoje, Tatu e Cavalo são as minhas principais identidades secretas, mas surgiram outros nicks como caranguejo devido aos meus braços de radiola e cabeça por causa de algum cearense que passou pela árvore genealógica da minha família.

Como é mesmo o meu nome?

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Top 5

De 25/01/1981 até hoje, li vinte livros no máximo. A média não chega a um livro por ano e está pior do que o número de campeonatos conquistados pelo Bahia recentemente. Virando esta página, tenho evoluído e cheguei ao posfácio de seis títulos nos últimos dois anos.

Desta pequena lista, um é especial para mim, Alta Fidelidade. Aliás, essa foi a única obra que consumi em dois formatos diferentes e complementares, o papel e a película. Não julgarei aqui qual é o melhor.


O personagem principal deste clássico de Nick Hornby é um cara parecido comigo: não vive sem música, coleciona discos e tem manias esquisitas. A mais freak de todas é a de fazer listas com rankings no estilo Top 5 para coisas absurdas. Exemplos: os cinco empregos dos sonhos, os cinco piores foras de mulheres ou as cinco melhores faixas 1 de discos.

Pensando nisso, sempre me iludi que um dia seria entrevistado por algum veículo de comunicação para responder quais seriam os meus álbuns favoritos de mpb, rock, samba ou qualquer outro estilo que curto. Já que a minha banda de rock não vingou e as revistas Rolling Stone e Trip não irão perguntar isso para um publicitário baiano, resolvi criar o meu próprio Top 5. Os primeiros capítulos desta série abordam os melhores discos de bandas de rock brasileiras nos anos, 70, 80 e 90. Vocês podem ter direito à réplica. Vamos à polemica!

70

1 – Os Mutantes: Jardim Elétrico – 1971.
2 – Os Mutantes: A divina comédia ou ando meio desligado – 1970.
3 – Rita Lee & Tutti Frutti: Fruto Proibido – 1975.
4 – Secos e Molhados: Secos e Molhados – 1973.
5 – Raul Seixas: Novo Aeon – 1975.

80

1 – Ultraje a Rigor: Nós vamos invadir a sua praia – 1989.
2 – Titãs: Cabeça Dinossauro – 1987.
3 – Os Paralamas do Sucesso: O passo do Lui – 1984.
4 – Legião Urbana: Que país é este – 1987.
5 – Ratos de Porão: Brasil – 1989.

Obs. importante: 1988: Esporte Clube Bahia Bi- Campeão Brasileiro.

90

1 – Chico Science e Nação Zumbi: Afrociberdelia – 1997.
2 – Sepultura: Roots – 1996.
3 – Chico Science e Nação Zumbi: Da lama ao caos – 1993.
4 – Mundo Livre S/A: Guentando a oia – 1996.
5 – Raimundos: Lavo tá novo – 1995.

Obs. importante: 1993: vitorinha vice-campeão Brasileiro.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Os casamentos de Vinícius

Ninguém viveu, escreveu e cantou o amor tanto como Vinícius de Moraes. O poeta casou nove vezes, publicou centenas de poemas e gravou inúmeras canções sempre com o coração na comissão de frente da bateria. Se atuasse como acadêmico, o boêmio poderia criar até linha de pesquisa para analisar o objeto de estudo mais complexo da humanidade.

Como toda unanimidade é burra, inclusive essa afirmação, tenho a ousadia de discordar do mestre em uma canção, "Tempo de Amor".

Lado A: música. A faixa 7 do disco "Os afro-sambas" é uma porrada! Violão de Baden Powell, percussão de candomblé e vocais do Quarteto Cy em minutos de transe. Ou seja, tudo que um samba de responsa tem direito.

Lado B: letra. A construção do poema é perfeita. Porém, a mensagem que a canção passa é de uma tristeza absurda. O tempo de amor não pode ser tempo de dor. O tempo de amor precisa ser de prazer, alegria, entrega, respeito e paz.
Vejam os versos abaixo e tirem suas conclusões.

"Ah, bem melhor seria
Poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar

Mas tem que sofrer
Mas tem que chorar
Mas tem que querer
Pra poder amar

Ah, mundo enganador
Paz não quer mais dizer amor
Ah, não existe coisa mais triste que ter paz
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais

O tempo de amor
É tempo de dor
O tempo de paz
Não faz nem desfaz

Ah, que não seja meu
O mundo onde o amor morreu"

Agora eu sei porque ele se casou nove vezes.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

05/10/08

1º Turno

Política é um tema que adoro conversar. Ainda mais se for em um bar com cerveja gelada. Isso vem de berço. Está no sangue da família: a articulação e a cevada.
Esse papo de que não se discute política é coisa de pessoas que não conseguem trocar idéias e opiniões.

2º Turno

Quando chega o período eleitoral fico ainda mais instigado em acompanhar as entrevistas, debates e programas. Por isso, costumo ser questionado pelas pessoas que "odeiam política" qual é o tesão de ler, ouvir e assistir notícias sobre esse assunto. O motivo é um só: a minha própria vida.
Quem se isenta de opinar e votar, tem o direito de permanecer calado e sem reclamar nos próximos quatro anos. Esse tipo de comportamento me lembra os jornalistas marionetes que existem em todos os veículos de comunicação. Não produzem nada e criticam tudo e todos, pois são definidos pela sociedade como os formadores de opinião e donos da verdade.

Apuração

Direto como um santinho deve ser, fiz esse texto para saber se no dia 05/10/08 você vai de 13, 15, 25, 45 ou 50. Eu já fiz a minha escolha e você?

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Esporte Clube Bahia = Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar

Esse texto já foi publicado no maravilhoso blog, http://www.baheaminhaporra.com/, mas vou postar aqui para encher linguiça e aqueles que não são tricolores terem a oportunidade de ler.

O Esporte Clube Bahia sempre foi precursor em sua trajetória assim como os mestres Dodô e Osmar. O Tricolor de Aço foi o primeiro Campeão Brasileiro em 1959 ao ganhar dos Beatles de Pelé e McCartney. Já Dodô e Osmar criaram duas jogadas de craque, a guitarra baiana e o trio elétrico.

Outra troca de passes perfeitos entre o Baêa e a dupla de instrumentistas se dá no verso “quem é que carrega as multidões?” da música “Campeão dos Campeões”. O Super-Homem já está acostumado a bater recordes nas vendas de ingressos em todos os campeonatos que disputa igualmente ao Trio Elétrico que arrasta milhares de foliões no carnaval.

Os amantes do futebol e da música têm outro ponto em comum. Os olhos dos torcedores fanáticos brilham ao citar a escalação completa das grandes equipes formadas pelos seus times do coração da mesma forma quando ouvem uma canção marcante. Os fãs ficam em êxtase ao comentar os álbuns clássicos das suas bandas favoritas como se estivessem nas arquibancadas dos estádios vibrando com um gol.

Sendo assim, lanço uma tabelinha entre o time Campeão Brasileiro de 1988 e o disco “Ligação”. Ambos foram liderados pelos maestros Macedo: Evaristo e Osmar. O professor e o pai organizaram os talentos de suas equipes e entraram pra história.Na cozinha do Esquadrão de Aço, Paulo Rodrigues e Zé Carlos eram os chefs enquanto que Betinho e Aroldo conduziram o meio de campo deste LP lançado em 1978.

Por último, não poderia deixar de comentar os band leaders dos grupos: Bobô e Armandinho. O craque da camisa 8 foi o destaque do time com seus dribles e gols decisivos, rápidos e lindos como os solos de Armandinho. O guitar hero tricolor compõe, canta, toca e sola como ninguém. Vale a pena samplear um repórter da TVE no carnaval 2007: “Armandinho é o melhor jogador do mundo em sua posição”.

Para encerrar esta partida, nada melhor do que sentir a emoção de ouvir o Hino do Bahia tocado e cantado pela guitarra de Armandinho no meio da avenida e lembrar da Fonte Nova lotada.

MPB - Música Popular Baiana

Para mim, a sigla MPB é definida como música popular baiana. É óbvio que as demais regiões do país contribuíram muito para a letra B ser de Brasileira. Exemplos não faltam: o frevo, o forró, as escolas de samba cariocas e paulistanas, o Clube da Esquina, o Manguebeat e o som do sul.
Porém, é claro que a Bahia merece a camisa 10 na escalação da música brasileira. Vejam o porquê.

Há muito tempo: o samba nasce na Bahia.

Anos 30: Dorival Caymmi canta a Bahia para o mundo.

1958: um rapaz de Juazeiro cria a Bossa Nova.

1969: uns doidões de Irará, Santo Amaro e Salvador inventam uma bagunça chamada Tropicália.

1969 - fim dos anos 80: aparecem Os Novos Baianos, Trio Elétrico Armandinho Dodô e Osmar, Raul Seixas, Camisa de Vênus, Luiz Caldas, Carlinhos Brown e Olodum.

1987 em diante: apesar de nada inovador ter surgido a partir desse momento, continuo um entusiasta da música baiana contemporânea. Não me refiro às bandas que são rotuladas com este perfil como Jammil e Asa de Águia. Falo de Cascadura, Diamba, Retrofoguetes, Dão, Lampirônicos, Adão Negro, Ronei Jorge, Timbalada, Peu Murray, Mariene de Castro entre tantos outros.

Sonho que em 2009, 2010, 20011, 2012 e por aí vai fiquem marcados como épocas em que bandas da Bahia façam história novamente e mudem a cara da música popular brasileira, ou melhor, baiana.

Será que sou bairrista ou o meu raciocínio faz sentido?

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Volume 1

"O cérebro cletrônico faz tudo
Faz quase tudo
Mas ele é mudo"

Música, futebol, política, conversa fiada e temas afins para que vocês possam elogiar, xingar, chorar, esculhambar e até comentar.