quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A Bahia e o Farol

A Bahia não tem mais a força. Salvador não é mais segura. A boa terra perdeu o brilho. A cidade da alegria deixou de reluzir. O farol se apagou e a escuridão levou consigo a beleza presente no imaginário das pessoas quando se pensa na terra de todos os santos.

Graças ao Nosso Senhor do Bonfim, o eterno farol e guia, este inimigo ainda não dominou por completo o território de seus devotos, porém já o avistamos muito próximos da base baiana. Os faróis indicam alerta máximo! Ainda bem que temos três deles cobrindo a primeira capital do país de uma ponta a outra da cidade para nos defender. Estes imponentes escudos não nos salvam hoje com os seus canhões desativados, mas sim como fonte de inspiração para vencermos tal guerra. Nesta trinca poderosa entre as cidades Alta e Baixa, o encanto pleno e os ensinamentos únicos para mim acontecem na Barra. É lá que a Bahia poderia aprender a ser Bahia novamente.

Tenho muita sorte em ter o Largo do Farol há poucos minutos da minha casa e também do trabalho. Tornei-me então um transeunte comum do principal ponto turístico de Salvador, praticamente um nativo. Costumo visitar o pico para passear com o cachorro, ver o por-do-sol, caminhar com meu amor, contemplar a paisagem ou procurar um boteco. E é neste roteiro que percebo uma Salvador como ela deveria ser sempre.

A harmonia, palavra tão pouco dita ou escrita ultimamente, entre pessoas diferentes é soberana no calçadão do Farol. Apaixonados por motos, ciclistas, doidões, clubes de corrida e famílias, por exemplo, curtem o mesmo espaço sem problemas. Isto pode parecer pouco hoje em dia, porém essencial para as torcidas tricolores e rubro-negras voltarem a conviver e dividir ambientes em comum sem brigas. O recado vale também para aqueles que fazem da capital baiana a mais barulhenta do Brasil, incomodando vizinhos e todos ao redor.

Noto também um respeito maior à diversidade quando vejo casais gays juntos nos bancos sem medo de serem agredidos, adolescentes fazendo rodas de violão no gramado iluminado e idosos conversando fiado ou jogando dominó.

Devido ao apelo turístico, o ar cosmopolita em frente ao Edifício Oceania nos faz respirar melhor num momento que os políticos, empresários e soteropolitanos em geral insistem em agir de maneira provinciana e retrógrada.

Por fim, prefiro não arriscar em comentar arte e ser superficial, pois estamos no marco zero de um dos circuitos do Carnaval, palco onde a criatividade baiana explode e fascina o mundo. Deixo então vocês com a voz de Baby, as palavras de Galvão e o som dos Novos Baianos e sonho que o farol nunca deixe de iluminar as águas da Bahia.


sexta-feira, 15 de abril de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

9 meses

Em nove meses uma vida se faz
Foi assim que eu cheguei trinta anos atrás

Em nove meses tudo mudou
O lar de repente se esvaziou

Em nove meses estou muito feliz
Casamento e amor como sempre eu quis

Em nove meses a saudade é rainha
Na cidade da alegria tudo lembra a baixinha

Em nove meses muita coisa eu vi
Até o velho Paul cantando “Let it Be”

Em nove meses até o Bahia subiu
Pena que o Paul daqui infelizmente não viu

Em nove meses o tempo não para
A família unida, isso sim, jóia rara

Em nove meses um ato voraz
Por que machucar uma dupla da paz?

Em nove meses muito a se festejar
Amigos do peito sempre a me apoiar

Em nove meses Cate e Paulo se vão
Mas os momentos com eles nunca se apagarão

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ah, imagina só...

Nestes dias de calor e ansiedade em Salvador que antecedem o Carnaval, saio de uma leitura densa, questionadora e reflexiva para outra mais leve e alegre. Tiro do armário um dos livros que ganhei no Natal com a certeza de que este é o momento ideal para aproveitá-lo. Trata-se da segunda obra de um autor que, assim como Chico Buarque, passei a acompanhar o seu trabalho além das canções. Porém, enquanto o poeta dos olhos azuis opta por figuras esquisitas como Benjamin, José Costa e o idoso em estado terminal, o bigodudo de óculos escuros prefere contar os causos de sua vida em verso, prosa e música. "Sonhos Elétricos" de Moraes Moreira entra em minha vida da mesma maneira que "Acabou Chorare", fazendo-me sonhar que a folia volte a ser da maneira que Caetano Veloso a descreveu em 1975.

"O Trio Elétrico tem sido uma coisa muito importante nas nossas vidas. Um mito, um exemplo de saúde e criatividade, um argumento eficaz na discussão contra o pensamento careta que vez por outra tenta destransar o barato da música popular no Brasil. Mas principalmente para nós baianos, o Trio Elétrico tem sido sobretudo uma curtição maior deste mundo. Cada carnaval é um acontecimento importante dentro da gente - como tem que ser o carnaval - por causa do Trio Elétrico.
Nunca é demais agradecer a Osmar e Dodô por terem permitido através da sua juventude que isso tenha se dado. Moraes, sempre novo e sempre baiano, sabe isso certo e bonito. É o pique antropofágico do som do Trio, carnavalizando tudo que encontra pela frente - Os clássicos mais populares e os populares mais clássicos. Viva a Bahia!".

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Vermelho

Apenas na segunda faculdade que, quem sabe um dia concluirei, soube da existência de alguns autores, digamos, engajados. Como estudante de letras que era, li as primeiras páginas de Noam Chowsky por causa da linguística obviamente. Com o avanço do semestre e das pesquisas, descobri que o crítico número um do Tio Sam possuía uma verve política ativa. Depois disso, passei a ler alguns artigos em revista e textos na internet, mas ainda não consumi nenhum livro do velhinho ainda. Esta paquera é antiga e logo vai virar namoro.

Na mesma época, soube que o pai do Big Brother não era Boninho e jamais poderia trabalhar na Globo devido ao seu texto irônico, ácido e ainda atual. Na verdade, o criador da teletela - que já dava uma espiadinha em 1984 ou seria nos anos 40? - usava o pseudônimo George Orwell.
Fui batizado com "Revolução dos Bichos" e a identificação foi tão rápida quanto os quinze minutos de fama dos "Ex-BBB's". Crítica, um pouco de humor e muitos questionamentos foram os frutos colhidos por mim da fazenda dos porcos que dominaram os homens através da Revolução. Somente quase uma década depois, comprei 1984 para continuar a saga ideológica. Ontem, cheguei à página 200 e ainda restam praticamente a mesma quantidade para encerrar a leitura. Contudo não sinto-me cansado e terminarei a maratona com o fôlego de um queniano em dia de São Silvestre. Motivos não faltam, pois cabe tudo nas palavras de Orwell: a opinião contrária ao estabelecido, o desejo de liberdade plena e as dúvidas dos personagens que se confundem com as do leitor. De maneira surpreendente para mim, um tema tem percorrido os capítulos do best seller. O amor, inspiração maior na música, marca presença na vida de Winston Smith em sua relação com a vida, mulheres e, sobretudo, sua mãe. No último capítulo, o protagonista relata para a sua querida a beleza do sentimento de uma mãe com os seus filhos. Deliciem-se:

"Quando você ama alguém, ama essa pessoa e mesmo não tendo mais nada a oferecer, continua oferecendo-lhe o seu amor. Como não havia mais chocolate, a mãe abraçara a filha com força. Não adiantava, não alterava coisa nenhuma, não fazia aparecer mais chocolate, não evitava a morte da criança nem a dela mesma; mas, para a mãe, era natural fazer aquilo".

Encerrar com a citação acima seria suficiente, mas não convincente. Parreira e os boleiros de 94 que o digam. Concluo tentando entender o porquê da imprensa definir aqueles que acreditam em ideais políticos como românticos de maneira pejorativa. Provavelmente eles não sabem o que leva as pessoas a participar de uma passeata, acompanhar um comício no meio da praça, fazer manifestação nas ruas ou até arriscar a própria vida. Catarina sabia disso e fez de tudo para os seus filhos tal qual a mãe de Winston.

Amanhã completo 30 anos e o que mais queria era ouvir esse xote com a certeza de que encontraria aquele cantinho para um dengo e receber o que ela me deu de melhor, o seu amor.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Canção para o ano novo

Voz, melodia e letra perfeitas. Obrigado, Simoninha, minha família e amigos por tudo!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Lilás

Vejam agora a seção sunset ao som de Djavan.

Pituba



Barra



Ribeira



Mogi das Cruzes - 1



Mogi das Cruzes - 2



Pictures

Retomando a série de fotos pelo celular tiradas do carro, andando ou de bobeira sem relação alguma entre si e sempre com citações musicais.

"Prometi novamente voltar para as águas"



"Azul da cor do mar"



"Let love rule"



"Chame gente"



"E lá vou eu"



"Colé merma?!"



"Se plante, Bill!"



"Olha o cachorro louco, fofinho"