domingo, 26 de outubro de 2008

Não vá!

Apesar de não apreciar o estilo de jornalismo dos veículos de comunicação pertencentes à Metrópole, um dia desses li o jornal do grupo e achei massa uma coluna chamada "não vá, não ouça, não leia, não assista". Neste espaço, os jornalistas descem a madeira em tudo o que é lugar, disco, filme e temas afins de qualidade duvidosa. Vou aproveitar a idéia e fazer um "não vá" aqui no blog.

Salvador é conhecida por ter poucos espaços de qualidade voltados para o rock, blues, jazz, funk ou qualquer outro gênero que o cantor não pede para o seu público tirar o pé do chão, arrastar a sandália, arrochar ou quebrar. Quase todos que trouxeram propostas novas como o French Quartier, Portela Café ou Santana fecharam. Como diz Selton Mello em O Cheiro do Ralo, "a vida é dura".

Foi inaugurado este ano uma casa que vendia uma proposta interessante, com ambiente descolado, música diferente e atitude. Atitude! Gravem esta palavra que falarei mais tarde. Curioso e sedento por novidades que sou, fui conhecer o tal pico, o Groove Bar. Isso faz uns dois meses.

Na última sexta-feira, instigado para curtir o show do Cascadura, que não via há um bom tempo, fui novamente para o Groove Bar. Após uma semana intensa de calça social, camisa de botão, meia fina e sapato de couro com 30 graus na cabeça, gosto de ficar à vontade no final de semana. All Star no pé, meia curta, bermuda folgada, Nossa Senhora Aparecida no bolso, cartão no outro e camiseta. Estava pronto para a night. Faltava apenas os três acordes, o baixo de paleta e a bateria para a noite ficar completa.

Chegamos na Barra. "Baby eu não sei dizer porque toda sexta-feira eu tenho que beber", "quando eu chegar na Nicarágua, mando um cartão postal para ela", "mesmo eu estando aqui do outro lado" eram alguns versos que pretendia gritar com a cerveja na mão. Pois é, pretendia porque não consegui entrar. Motivo: estava de bermuda. Dinheiro no bolso, alegria no rosto, amigos ao lado e rock no coração não foram suficientes para vencer a indumentária. A cena repete o dia-a-dia do Brasil. Se você não estiver dentro do padrão, já era papá. Lona!

Neste momento, a ficha caiu. Fiz uma retrospectiva em segundos. Lembrei que a entrada é cara, o preço da cerveja absurdo, o repertório dos dj´s previsível e a grade fraca. Além disso, tudo lá é fake. A entrada com a foto clássica do primeiro disco dos Ramones, as capas de ábuns revolucionários em quadros e a iluminação escura não condizem com a postura conservadora do estabelecimento. Como pode um local que vende atitude, possui um ícone punk na fechada e banda de rock na programação ter uma postura tão retrógrada e burra? Burra porque eles perderam dinheiro, pois erámos quatro consumidores dispostos a gastar.

Depois disso tudo, lembrei de uma foto de Iggy Pop que vi na internet. Ele vestia a sua calça de sempre e estava sem camisa como de costume na cerimônia do Grammy ao lado de Madonna. Isso sim é atitude! Será que ele conseguiria entrar no Groove Bar?

2 comentários:

Anônimo disse...

Foi chato...e foi burro...
Mas blz, assim eles rapidinho vão ter que mudar de nome, igual a todas as casas que conhecemos...Fashion, Tapioca...Ou Maddre e Dolce??

E viva a Boomerang!

Pedro disse...

Dr Éder.. que merda, hein? O som do Cascadura é sensacional, tentei ir nesse show e não consegui. E olha que eu estava de calça. Mas, não deseje mal àquela casa... não temos tantas opções assim. A não ser que você queira curtir um som no Malagueta ou no Batuquerê. Queeeeeebra!

Abraço.