Eu adoro viajar. Aliás, quem não gosta? Sempre que posso, busco outros ares fora de Salvador. Até porque suportar a mesmice perene da cena cultural soteropolitana é complicado. Como tenho parentes em vários cantos do Brasil e trabalho com fornecedores em todo o país, sempre sou questionado da vida boa que levamos na nossa capital. As pessoas acham que aqui é verão o ano inteiro, com praias lotadas, sol de quarenta graus e ensaios de blocos todos os dias. Não, amigos, na boa terra "o sistema é bruto".
Para ter meus dias de Bruno de Luca, faço um esforço da porra. Parcelo as passagens no cartão, durmo na casa de primos, almoço em "cai duro", pego buzu e metrô e pesquiso hotéis baratos na internet. Afinal, "dinheiro na mão é vendaval".
Nestas minhas andanças, sempre encontro lugares que me identifico e relaciono com outros já visitados. Beber uma gelada na calçada do Bar Urca me fez lembrar das tardes de sorvete na Ribeira. O Brasil desce a ladeira com a mesma malemolência no Pelô e em Ouro Preto. O samba-rock come no centro no UK Pub de Boa Viagem, Diquinta em Sampa e Amicis em Fortaleza. Mas dedicarei algumas linhas a estes trigêmeos separados no nascimento: Vila Madalena, Lapa e o meu querido Red River.
A boêmia está na raiz destes picos e é encontrada de segunda a segunda nos bares do Largo de Santana, Rua dos Arcos e esquinas da Vila. Tudo ao mesmo tempo agora. Botecos roots, casas temáticas e barzinhos da moda. Skol de garrafa, Chopp Brahma e cerveja Premium. Churrasco de gato, comida de boteco e menu internacional. Andando com fé, eu vou de um em um e me imagino com sapato bicolor, calça e paletó brancos e chapéu panamá.
Mas a boêmia não está sozinha. Ela não sobrevive sem a sua irmã, a Música. Não existe malandro sem samba. É nesse ponto que baianos, cariocas e paulistanos se destacam. Decidir qual som curtir pode ser uma tarefa difícil na night. Samba-rock, eletrônico, partido alto, mpb ou rock n' roll? Por via das dúvidas, eu uso o Coringa e participo de todas as jogadas.
Para fechar o pacote de viagem, não poderia deixar de mencionar o ponto que mais me fascina na Lapa, Rio Vermelho e Vila Madalena: a diversidade. Uma noite em qualquer um destes locais é um exercício de antropologia ao vivo. Alternativos, playboys, putas, nerds, gays, rockeiros e patricinhas circulam no mesmo CEP "numa relax, numa tranquila, numa boa" procurando "o caminho do bem".
Dicas:
Lapa - Rio Scenarium, Carioca da Gema e, claro, Circo Voador.
Rio Vermelho - Boomerangue, Jequitibar e Companhia da Pizza.
Vila Madalena - Salve Jorge, São Cristóvão e Municipal.
8 comentários:
Rio Vermelho(acréscimos): Tarrafa, Borracharia, Pós-Tudo, Dogão, Barbitúrico, Santa Maria/Pinta e Nina, etc...
Imagino-me com sapato bicolor, porém sem paletó branco...
Texto massa!
Abraço,
Bião
Esqueceu a caixa de fósforos!
BJs.
Gostei do texto!
Bela comparação. Não conheço a Lapa, mas está nos meus planos a curto prazo. Tenho que levar na Augusta, que voce vai gostar de ver como está fervendo de urbanidade...
O problema da Vila é o preço... rsrs
Indico em Sampa, cidade que acredito conhecer um pouquinho: Studio SP pra varar a noite e almoçar/curar a ressaca na Mercearia Sao Pedro, na Vila Madalena.
Me deu uma saudaaaade da Paulicéia depois de ler teu post..:/
Em sampa tem que ir no "Ó do Borogodó"...é fato.
No Rio Vermelho eu adoro o "Alidolado".
Estou pensando em ir para o Rio semana que vem. Estou com medo de ficar na Lapa para sempre, não voltar nunca mais!
Boas dicas. Paulo tem razão, você precisa conhecer a Augusta também. Velho, quando o Bar do Mamão
vai ganhar um texto no blog?
É vero, na boa terra o sistema é bruto tb!!! Massa o texto!! E adoorei as dicas...vou aproveita-las em breve!!
bjs!!!
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