segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Rodo cotidiano

Faz pouco mais de um ano que tenho sentido uma dor incômoda em meu ombro direito. A camisa aperta, a paletada da guitarra sai sem pegada, o msn cansa e a marcação no baba está mais fraca do que a zaga do Vitorinha.

No início do ano, fui novamente ao ortopedista, fiz mais exames e o diagnóstico permaneceu o mesmo: bursite e tendinose. Voltei ao ortopedista para saber qual seria a solução para não virar uma espécie de Robocop. Primeiro, procurei entender os motivos que levaram ao resultado assustador. Fala Doutor: "Eder, você é estressado?". Após alguns esclarecimentos técnicos, ficou claro que a tensão do cotidiano levou às inflamações. Como já não tenho 20 e poucos anos e sim 20 e tantos, decidi que vou tirar esse job da pauta logo e decretei 2009 o Ano Zen. O pulso ainda pulsa.

Para o meu projeto obter sucesso, resolvi intensificar a acupuntura, voltar pro RPG, tentar dormir mais e fazer algo inédito, caminhar. Esta nova rotina ora lembra a de Ronaldo Fenômeno no Corinthians e em outra a de sexagenários com osteoporose. Prefiro pensar que estou no primeiro grupo e chego a conclusão que deveria ter ouvido mais o bordão de Paulo Cintura: "saúde é o que interessa, o resto não tem pressa. Yeah-Yeah!".

Uma outra mudança tem colaborado bastante na minha recuperação, a de endereço comercial. Não me refiro a nenhuma empresa pela qual passei, mas sim ao endereço literalmente. Passei mais de quatro anos trabalhando em empresas situadas na Avenida Tancredo Neves e adjacências, região onde se situam as principais agências de propaganda de Salvador. Vivenciei o caos instalado antes, durante e após a inauguração do Salvador Shopping, o aumento do fluxo de veículos e pedestres, a construção de novos prédios, a tomada das passarelas pelos ambulantes, a demora no ponto de ônibus e a crescente temperatura. Apesar de morar perto do escritório, o ir e vir de casa para o trabalho era estressante ao extremo. Além do mais, na Avenida Paulista provinciana só se vê prédios comerciais, estacionamentos, shopping center e pessoas agoniadas se batendo de um lado para o outro. Hoje, estou convicto de que esse contexto influenciou diretamente no meu estado de saúde atual.

Desde julho do ano passado, migrei para a Barra. No início, achei distante de minha casa já que moro em Brotas, mas logo aprendi os diversos caminhos para chegar na agência sem estresse. A partir daí, passei a aproveitar as coisas simples que o logradouro mais tradicional de Salvador oferece. Seguem algumas: tomar um chopp no Pereira, comer uma maniçoba no Porto da Barra, ouvir um vinil no Galego, degustar o melhor acarajé do mundo feito por Regina, visitar o Pelourinho às terças-feiras, almoçar no Largo 2 de Julho ou Comércio, ir ao TCA e Concha Acústica sem confusão e tomar um sorvete na A Cubana ou Perini da Graça. Não vou contar tudo senão o ex-presidente do Brasil vai querer se mudar pra cá.

É como disse bem o meu amigo Vinícius no post anterior, "é preciso ganhar dinheiro com poesia".

6 comentários:

Anônimo disse...

vc ganha na Loto e fica divulgando.
bj

Viveca

Laert disse...

É meu caro...nosso discurso é uníssono.
Ainda não tenho a qualidade de vida que almejo mas já tenho tomado providências para tal.
Enquanto não tenho a vista privilegiada do pôr-do-sol aí do deck, voltei às atividades físicas e entrei em um período de abstinência tecno-comunicacional em minha casa. Ou seja: sem computador e sem internet. Essa atitude extremamente radical (no meu caso) concede horários de leituras que antes eu não priorizava, além de melhorar meu condidionamento físico.
Que assim seja.

Anônimo disse...

Se sua caminhada vai ser Zen eu respeito, senão me chame na quinta (ou melhor, interfone!!! rsss).

Abraço,
Acará.

::Soda Cáustica:: disse...

Assuma Laert, vc n pagou a Coelba!

Viveca

Laert disse...

Porra Veca...não precisa divulgar isso, né?
Tem que ter poesia para falar dos problemas sem necessariamente falar dos problemas.

Bruno Cartaxo disse...

Pô, Viveca, a Coelba, ele pagou. Senão não ia dar para ler o tal do livro.

Ele só não está mais pagando a internet. Coisa de hacker que pega emprestado a wireless do vizinho.

Éder, a Barra é poesia mesmo. Não se compara. Pena que está cada dia mais engarrafada tb.

Abs