quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Eu sou o Carnaval em cada esquina - Parte I

A primeira lembrança que tenho do Carnaval é de 1986 quando saí no ombro de meu pai no Camaleão na Avenida Sete. Acho que ele não tinha com quem deixar o filho e foi obrigado a carregar o guri sem falar na mamãe-sacode, lata de cerveja, cigarro e a mortalha. Haja equilíbrio, ou melhor, "haja amor". Mas prefiro pensar que fui levado à Avenida Sete naquele dia para ser iniciado na dita maior festa popular do mundo.

No ano em que o Brasil foi eliminado pela França pela primeira vez, quem puxou o bloco foi Luiz Caldas e banda Acordes Verdes, que incendiava as tardes no Chacrinha, tocava nas principais rádios populares do Brasil, vendia milhares de bolachões e tinha dois desconhecidos em sua formação, Carlinhos Brown e Cesinha. Até então, meu conhecimento musical se resumia a Balão Mágico, Trem da Alegria, Menudo, Tremendo e Dominó. Nunca tinha ouvido falar em "Fricote", "Magia" e "Ajayô" e nem lembro se curti ou não aquelas músicas que saíam das caixas do trio elétrico.

Ainda nesta época e até o início dos 90, fui uma criança insuportável. Era nojento, dengoso, chato, grosso e anti-social. Vale reforçar o tempo do verbo - ERA - ok? Conciliar esses atributos com toda a confusão do Carnaval em minha infância foi mais difícil do que acompanhar a temida corda do Chiclete hoje em dia.

Neste período, meu pai trabalhava em uma instituição localizada no meio da Avenida Sete, trecho do circuito onde as bandas estão embaladas após a saída do Campo Grande. Por causa disso, este ponto sempre foi considerado boca de zero-nove pelos foliões. Para vender bebidas e petiscos à massa e fazer o Planeta Othon dos anos 80, meu pai e os seus colegas montavam uma barraca na frente do prédio. Beleza pura, dinheiro não! O problema era um só: eu! Odiava aquele espaço. Gente suada e fedorenta, comida suja, Sarajane e Cid Guerreiro, Guaraná Brahma e copo de plástico. Não tinha brigadeiro, coxinha da Perini, Big-Sundae, tubaína, Atari, álbum de figurinha, bola, filme dos Trapalhões nem pega-pega. Quer dizer, rolava muito pega-pega, mas esse eu ainda não podia brincar. Além do mais, minha gagueira era mais acentuada. Praticava o velho provérbio: entrava mudo e saía calado. Sempre de mau humor.

E a dúvida continua até hoje. Esse sofrimento foi um treino para eu enfrentar o Carnaval sozinho posteriormente ou não existiam creches ou babás naquele período?

Para terminar, segue um vídeo de primeira classe: http://www.youtube.com/watch?v=ps8GgGKYueU

A folia do Rei Momo continua. Aguardem o próximo post.

7 comentários:

Anônimo disse...

...entretanto, seria fidedigno este link: http://www.youtube.com/watch?v=P9kAP20mSEo

Texto massa! Espero a 2ª parte, pois a 1ª já causou um rebuliço aqui em minha "caixola". Estou tentando recordar a minha iniciação atrás do trio!

Abraço,
Acará.

Samira Andari disse...

Nossa Eder, bala sua isso...
Também fiquei aqui pensando, tentando lembrar da minha iniciação....
E por falar nisso, esse ano meu aniv cai na terça-feira de carnaval.
Adoro carnaval... também nascendo ''nele'' não podia ser diferente. Mas ando muito nojenta... sme querer bagunça, calor. Ou melhor, ando mais seletiva... rsrsrsrsr
Mas com todo respeito ao careca do seu pei, ele é um escr......
Tadinho de vc
hauhuahuaahhauhahahuhauhauhuahuahua

bjs

Anônimo disse...

Interessante.... não sei se por ironia do destino me vizualizei neste mesmo lugar, naquele balcão imundo de madeira reutilizada, naquela imensa festa regada à cerveja em garrafa.... Gostei do video, pena que o carnaval tenha se perdido musicalmente e restam pouquisimos que nos apresentam música de muito bom gosto como LC...
Grande abraçp

::Soda Cáustica:: disse...

Rei, não te vejo gago nunca, sempre achei que vc repetia as coisas para dar mais ênfase, juro. Outro dia alguém falou isso e eu disse: "oxe, ele gagueja? nunca percebi!". Ou sou lenta demais ou tem outras coisas mais importantes para se perceber na sua pessoa Carnavalesca do que isso. :)
Adoreeei o texto como sempre, Nelson Galindo Motta.

Anônimo disse...

guaraná brahma não. Era Fratelli. Garrafa da cor da de cerveja.

Anônimo disse...

em tempo, voce foi minino chato, fresco e blablabla até o 3o ano da faculdade. seu xiliquento!

Meira.

Eder Galindo disse...

valeu, meira!
o espaço aqui é aberto (lá ele!)

abraços