quarta-feira, 10 de março de 2010

Save the music

A cada vez que tenho conhecimento dos novos modelos de Ipods e da proliferação de DJ´s para todos os lados como Filhos de Ganhdy no Carnaval, fico mais apavorado do que quando via Jason barbarizando com sua faca e máscara na televisão. A música "orgânica" perdeu de fato o posto de Miss Universo para as ditas maravilhas contemporâneas, mas nada lembra o Melodia de "Congênito" ou "Magrelinha". Pra ser descolado hoje, é preciso ter um Ipod com um milhão de arquivos mesmo que você não ouça nem 10% deles ou frequentar uma festa com cinco DJ´s em uma única noite na boate da moda. Mas é claro que você deve ir apenas nos três primeiros meses da casa que bomba porque depois o point fica "misturado" além de saber diferenciar as batidas de house e trance.

Pensando nisso, lembro de uma entrevista em que Gilberto Gil, hoje meu amigo, comentou sobre o seu hábito de ouvir música. Questionado se era adepto do Ipod, o amigo mais famoso de Caetano respondeu que o ato de apreciar uma canção não poderia ser previsível e organizado. Com o seu jeito peculiar, o ministro disse que existe um som certo para cada momento. Ou melhor, "o melhor lugar do mundo é aqui e agora". Ainda que a função randômica do Ipod esteja ativada e que um DJ mude o set list no meio da loucura, curtir um mp3 player ou um Patife da vida jamais se igualará à sensação de ouvir A música esperada ao mudar a estação ou a alegria de ver a banda atender aos gritos da plateia durante um show.

Nesta semana, após sair de um dia cansativo de trabalho ouço no dial um conterrâneo cantar versos batidos, mas perfeitos pra aquele instante: "eu vou esquecer de tudo, as dores do mundo, só quero saber do seu, do nosso amor". O que eu mais queria era o carinho e a presença da branquinha do meu lado. Hoje, lavo a alma em um banho de mar noturno e quente no Porto da Barra, deixo ela em casa e retorno pro aconchego leve, feliz e em silêncio. Mas surge um vazio querendo incomodar a vibe. Tão rápido quanto Bolt, aciono o meu companheiro e ele me presenteia com "Cuide bem do seu amor". Recado dado, Herbert.

6 comentários:

Anônimo disse...

Gostei. Mandou bem! To com preguiça de dissertar sobre o assunto, mas é por ai... heheheh

marco disse...

grannnnde galindo. assino embaixo e tenho a mesma aversão "às músicas" de hoje. não que seja contra novidades, invenções e intervenções, mas detesto modismos e amo, de coração musical, os senhores clássicos de banda inteira dentro de estudio. to com voce, hyldon e herbert. a paz, a nostalgia e alegria de um momento musical são inesqeucíveis.
abraço

Anônimo disse...

Cavalo,

vc quebrou laércio e seu mp3 com músicas até 2020.....kkkkkkkkk...claro que sem poder repetir....risos

abraços,
Rubens

Rodrigo disse...

Bom texto. Concordo com você, as rádios musicais (mesmo que toquem estilos que não gosto) e todas as lojas que vendem discos. Outro dia ouvi de um amigo que já baixou todos os 1001 discos do famoso livro (e, com certeza, não ouviu 1/3 deles): " - Você ainda compra CD? Daqui há uns dias vai virar Durval Discos rsrs", aquele cara do filme que na era do CD insistia em continuar vendendo vinis. Não adianta. Ouço rádio, fico feliz em comprar aquele CD raro, não tenho iPod e nunca me apresentei como DJ. E como disse Gilberto Passos Gil Moreira: "Ela que me faz um navegador".

Eder Galindo disse...

marco e rodrigo,
é isso aí mesmo!
pegaram a onda do texto.

abraços

::Soda Cáustica:: disse...

buenooooo!!!