sábado, 4 de abril de 2009

Vida de publicitário

Mais uma vez, convoco o inútil Roger para colaborar com O cérebro eletrônico. Nada mais adequado até porque o craque do Rockgol é conhecido não só por cantar versos singelos como "é tudo filho da puta" ou "eu vou enfiar um palavrão", mas também pelo seu elevado QI. Após trocar algumas idéias com ele e desabafar sobre a rotina do publicitário baiano, o compositor de "Marylou"escreveu este belo poema:

"Todo dia essa é a minha labuta
Eu trabalho feito um fila-da-puta
Pelo menos se eu estivesse mais rico
Mas que nada estou pedindo penico

Domingo eu vou pra praia
Domingo eu vou pra praia
Pode parar tudo eu vou pra praia"

Como sempre, meu amigo tricolor paulista acertou em cheio, ou melhor, no target. Esse é o way of life da propaganda soteropolitana e acredito que seja também das outras cidades. Material fora do prazo, clientes sem planejamento, prospecções, concorrências e jobs urgentes nos fazem passar horas a mais na agência com uma frequência média tão elevada quanto um planejamento de mídia das Casas Bahia.

Antes de eu comprar o carro, conhecia todos os taxistas da companhia que trabalhavam à noite. Eles já me chamavam pelo nome, sabiam onde eu morava e resenhavam sobre Bahia e Vitória, ou seja, praticamente amigos de infância. Um desses "taxicêros", palavra existente apenas em Salvador, tinha uma filha estudante de publicidade. Eu comentava sempre com ele: "rapaz, você quer que sua filha chegue em casa às 23, 23:30, 0:00, 1:00?". Fiquei muito próximo também de outra "catiguria" como diz meu pai, a dos vigilantes. Poderia até seguir a veia política de minha família e virar sindicalista. Eles sempre perguntavam: "Eder, ficou mais alguém lá em cima?" ou então em tom irônico: "Já vai, Eder? Tá cedo, rapaz!".

Como tenho sonhado muito ultimamente, fico imaginando se Dorival Caymmi estivesse vivo e fosse convidado para tocar no festival mais badalado do mercado publicitário brasileiro, tenho certeza que ele, com sua característica malemolência, cantaria o seu clássico samba assim: "Vida de agência é difícil, é difícil como quê".

Mas, apesar disso tudo, amo o que faço e valorizo o que essa profissão instigante traz pra mim de bom. "Êta vida boa", né Armandinho?


Link do Ultraje: http://www.youtube.com/watch?v=AkV-TM_aQVs

5 comentários:

marco disse...

certamente galindo, voce esta certo. A publicidade nos traz uma vivencia de conhecimentos diversos, informações novas a todo dia. e uma convivencia intensa, nem sempre amistosa, com figuras interessantes. Mas o desgaste é muto grande e a dedicação também. Nao indico a ninguem e quero absorver o melhor pra nao precisar da publicidade mais tarde. quero viver mais no ritmo de dorival...rs. Abraço

Manu Sena Dias disse...

Melhor ainda qdo chega o domingo de praaiaa!!!

::Soda Cáustica:: disse...

eu também adoro, apesar de me sentir uma biscate, às vezes.

Dani. disse...

quero saber e quem não gosta de praia? rs.

Anônimo disse...

Vida de féladaputa da porra... Aqui eu não tenho nem praia! hehehe

Cabeça... coloca ai a ferramenta para seguir o seu blog!